Refinaria Landulpho Alves foi vendida muito abaixo do valor real

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Edifício da Petrobras (Foto: divulgação)
Edifício da Petrobras (Foto: divulgação)

O preço negociado pela Petrobras para a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) ao fundo Mubadala Capital dos Emirados Árabes é cerca de 50% inferior ao valor do ativo. A afirmação é baseada em cálculos estimados em estudo realizado pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).

A Landulpho Alves foi a primeira refinaria nacional de petróleo, criada em setembro de 1950, como parte de um projeto de soberania energética. Com o in[icio de sua operação, foi possível desenvolver o primeiro complexo petroquímico do país e o maior complexo industrial do hemisfério Sul, o Polo Petroquímico de Camaçari.

O Mubadala venceu a disputa, em 8 de fevereiro, com oferta de US$ 1,65 bilhão pela refinaria. De acordo com os parâmetros utilizados, a refinaria localizada na Bahia está avaliada, ao câmbio atual, entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões. A Petrobras refutou a afirmação. Bancos de investimentos avaliaram uma perda de 35% no valor da transação.

Segundo informou a direção da estatal no dia do leilão, a assinatura do contrato de compra e venda ainda está sujeita à aprovação dos órgãos competentes. Informações extraoficiais dão conta de que o processo de venda será concluído em março.

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O coordenador técnico do Ineep Rodrigo Leão afirmou em texto publicado no site do instituto (que é ligado à Federação Única dos Petroleiros (FUP) que “os dados revelam que a RLAM tem um potencial importante de geração de caixa futura que, a depender das premissas utilizadas, pode estar sendo subvalorizada nesse momento de venda”.

Para realizar o valor da RLAM, o Ineep utilizou o método do Fluxo de Caixa Descontado (FCD), que se baseia no valor presente dos fluxos de caixa, projetando-os para futuro. Do resultado, são descontadas: taxa que reflete o risco do negócio, das despesas de capital (investimento em capital fixo) e necessidade adicionais de giro.

Este fluxo de caixa é calculado tanto para a empresa como para o acionista. Leão informa que “trata-se de um modelo de cálculo que apresenta o maior rigor técnico e conceitual, sendo, por isso, o mais indicado e adotado na avaliação de empresas”.

 

 

Cenários

 

O estudo se baseia em três cenários e chega a valores de: US$ 3,12 bilhões; US$ 3,52 bilhões e US$ 3,92 bilhões. No entanto, como a Petrobras não apresenta valores “isolados” de cada refinaria, para estimar as receitas e despesas da RLAM o Ineep fez um “rateio” dos dados disponibilizados pela empresa.

Em relação às receitas da RLAM, foram levadas em conta a produção dos derivados da refinaria, a capacidade de produção, entre outras informações. Foi utilizado o valor das exportações de derivados do Estado da Bahia para chegar a um número aproximado para a exportação dos derivados da RLAM.

Já para o cálculo das despesas da carga fresca processada utilizou-se um preço médio de referência da Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) para o petróleo com grau API próximo de 30 (o mais utilizado no refino da RLAM). Em relação às despesas, o Ineep realizou o “rateio” para RLAM, a partir dos dados disponíveis de custo de produção e refino, bem como das despesas administrativas.

Com essas informações, o instituto chegou aos três cenários possíveis. Para o primeiro trabalha com a manutenção das despesas atuais para os próximos anos. No segundo, prevê 75% das despesas de vendas da RLAM do cenário base para o cálculo do seu fluxo de caixa livre. E, no terceiro calcula 50% das despesas de vendas da RLAM do cenário base, informou Eduardo Costa Pinto, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo.

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