Para empresários da Fiesp e do Ciesp, ex-presidente Lula promete reforma tributária nos seis primeiros meses de governo, se eleito. A promessa foi feita nesta terça-feira pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o quarto candidato à Presidência da República a participar na série de encontros promovida pela Fiesp e o Ciesp em São Paulo. Também defendeu reaproximação com governadores e pacote de infraestrutura.
Acompanhado por seu vice, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, e por seu colega de PT Fernando Haddad, que é candidato ao Governo do Estado de São Paulo, Lula disse que na primeira ou segunda semana de trabalho, caso seja eleito, pretende promover uma reunião com governadores dos 27 estados brasileiros para que seja retomado o Pacto Federativo e para que as unidades da federação possam manter uma relação de respeito entre si.
O ex-presidente disse ainda que pretende solicitar que os governadores indiquem “três ou quatro” obras de relevância para serem tratadas como prioridade em um pacto de infraestrutura a ser trabalhado. De acordo com ele ainda, a ideia é acelerar as discussões para que a Reforma Tributária, uma das principais reinvindicações da indústria, possa ser aprovada nos primeiros seis meses de seu mandato.
Orçamento x problemas sociais
O presidente do Ciesp, Rafael Cervone, participou pela primeira vez do encontro com os presidenciáveis, após retornar das férias, período em que foi substituído por Vandermir Francesconi. Ele questionou o ex-presidente sobre o fato de 33 milhões de brasileiros viverem hoje em situação de fome e 61 milhões, segundo estudo da ONU, conviverem com nível de insegurança alimentar. “No ano passado, a economia brasileira apresentou resultado primário negativo pelo oitavo ano consecutivo. A dívida bruta do setor público em relação ao PIB é de quase 80%, patamar muito superior à média dos países emergentes que gira em torno de 65% e a expectativa deste ano também apresenta resultado primário negativo, são as estimativas do IFI. Dessa forma há um impasse na sociedade brasileira, que tem uma demanda crescente por recursos públicos e ao mesmo tempo a deterioração da situação fiscal. O que o seu governo pensa fazer para democratizar e nivelar o acesso às oportunidades, assim como reduzir essa vulnerabilidade social e ao mesmo tempo garantir a sustentabilidade fiscal?”, questionou Cervone.
Ao presidente do Ciesp e aos demais participantes, o petista defendeu uma reforma administrativa para colocar “equilíbrio” nos salários dos servidores, citando exemplos de diferenças salariais relevantes entre cargos e instituições. Em relação à democratização de oportunidades, Lula citou o Prouni e a política de cotas, que teria levado a USP (Universidade de São Paulo), por exemplo, a ter cerca de 51% dos seus alunos hoje oriundos da periferia e de escolas públicas.
O petista ressaltou, no entanto, que para promover investimentos na área social, será necessário cumprir com todas as responsabilidades fiscais. “Se o estado não cumprir com suas funções, ele não vai garantir oportunidade. Responsabilidade fiscal é quase uma profissão de fé de um cidadão que governa algo que não é seu, é do público. A gente só pode gastar o que ganha e você não pode fazer dívida para custeio,” disse Lula.
A escolha dos presidenciáveis para participar dos encontros teve como base a colocação nas pesquisas eleitorais. Já estiveram na sede das duas casas, na avenida Paulista, Ciro Gomes, Simone Tebet e Luiz Felipe D’Ávila. As duas entidades ainda aguardam a confirmação de uma data para receber o presidente Jair Bolsonaro.
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