Reforma tributária recebe menções tímidas de Lula e Bolsonaro

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Lula (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula) e Bolsonaro (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)
Lula (foto de Ricardo Stuckert, Instituto Lula) e Bolsonaro (foto de Marcello Casal Jr., ABr)

Com o início da campanha, os principais candidatos à Presidência da República lançaram os seus planos de governo. É o caso do ex-presidente Lula (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL), ambos à frente das pesquisas de intenção de voto. Contudo, a realização de uma reforma tributária no país recebeu menções tímidas ou apenas indiretas em seus programas. E um aspecto da questão fiscal sequer foi mencionado: a tecnologia.

“O país vive um caos tributário há décadas. Os principais candidatos presidenciais tiveram receio de entrarem nesta seara em seus programas e em se comprometerem com grandes mudanças. Temos muitos impostos, um excesso de leis e um sistema antiquado de cobrança eletrônica”, avalia Miguel Abuhab, engenheiro, empresário e um dos fundadores do movimento Destrava Brasil, que apoia a realização de uma reforma tributária no país por meio da PEC 110/2019, que tramita no Senado Federal. E defende a instituição de um modelo de cobrança eletrônica automática dos tributos, que especificaria a destinação de cada imposto nas notas fiscais. A PEC propõe a fusão de sete tributos em dois novos impostos como uma forma de simplificar a tributação no país. A mudança deve ocorrer sem que os cidadãos e empresas passem a pagar mais tributos no dia a dia.

Segundo ele, o programa de governo de Lula defende uma estrutura tributária mais simples e progressiva. Cita a simplificação dos tributos e propõe mudanças no IR, sem especificar o que seria alterado no modelo atual. “Proporemos uma reforma tributária solidária, justa e sustentável, que simplifique tributos e em que os pobres paguem menos e os ricos paguem mais”, diz o texto.

Já o plano de Bolsonaro faz menções a uma reforma tributária, à redução e simplificação de impostos, à correção da tabela do IR e promete uma queda da tributação sobre as empresas nacionais e nos impostos de importação. Contudo, os objetivos são apresentados sem a explicação de como seriam alcançados. O trecho mais aprofundado diz respeito ao IR. “Foi elaborada uma proposta de correção de 31% na tabela do Imposto de Renda para Pessoas Físicas. Em julho de 2021, o texto foi enviado ao Congresso Nacional, mas não avançou no Senado” lembra o programa.

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Na última sexta-feira, pesquisa da Modalmais/AP Exata sobre popularidade do governo apontou que a avaliação positiva vem crescendo paulatinamente há quatro semanas e a rejeição vem caindo. Exatamente na sexta, a avaliação ruim/péssima caiu 0,4%, em relação à semana anterior, marcando 48,8%. O percentual de pessoas que avaliam a gestão como boa/ótima subiu 0,2%, chegando a 32,1%. O índice regular subiu 0,1 ponto percentual, marcando 19,1%.

Ainda segundo o estudo, apesar do crescimento de Bolsonaro estar sendo efetivo, ele não tem ocorrido ainda em uma velocidade capaz de inverter o jogo no tabuleiro eleitoral. Isso ocorre porque, apesar de o presidente estar reduzindo sua rejeição e reconquistando eleitores que estavam insatisfeitos com a gestão federal, ele não está conseguindo corroer a base eleitoral de Lula.

A expectativa de busca de votos do percentual da população que recebe os auxílios parece ainda estar aquém do esperado pelo Planalto, mas é possível que isso se acentue nas próximas semanas, com os pagamentos sendo efetivados. De qualquer forma, Lula tem sido resiliente e conseguido manter os seus eleitores. A análise de posts que mencionam os termos “voto” e “votar”, no Twitter, mostram que Bolsonaro chegou a ultrapassar Lula entre os dias 8 e 12 de agosto, mas o petista voltou à dianteira, após a consolidação da narrativa de que a primeira-dama estimula a intolerância religiosa, e vem se mantendo estável desde então. A melhora de imagem do presidente ocorre desde a convenção que lançou a candidatura de Bolsonaro à reeleição, no dia 21 de julho. Desde esse dia, a aprovação do governo cresceu 3 pontos, mesmo índice de redução da reprovação.

Nesta sexta-feira, as menções no Twitter que falam no ato do voto são mais favoráveis a Lula, que alcança 43,4%, seguido de Bolsonaro, com 35,1%, e Ciro, com 14,8%. Os demais candidatos não ultrapassam os 2%.

Lula e Bolsonaro seguem dominando a narrativa nas redes. No Twitter, reúnem 93% das menções aos principais presidenciáveis, deixando pouco espaço para os candidatos que estão fora da polarização. Na semana que se encerrou, Lula reverteu o cenário da semana anterior e foi o candidato mais mencionado. Ciro Gomes e Simone Tebet estão com muitas dificuldades em impor alguma narrativa nas redes e aparecem como candidatos periféricos nas conversações online.

Apesar de haver agressões em ambos os lados, a esquerda tem obtido êxito em colocar na campanha do presidente a ideia de que são os responsáveis por distribuir fake news. Lulistas pedem providência do TSE e citam mensagens compartilhadas por bolsonaristas influencers, como Eduardo e Carlos Bolsonaro e Carla Zambelli. Também destacam a deep fake que manipulou a imagem e a voz da jornalista Renata Vasconcellos, do Jornal Nacional, colocando Bolsonaro como líder em pesquisa eleitoral.

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