Regra

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Embora o montante da ajuda pública a empresas e bancos privados na atual crise assuma dimensões inéditas, o intervencionismo estatal para salvar empresa particulares não é exceção, mas “um traço característico do capitalismo de Estado”. A observação é do intelectual estadunidense Noam Chomsky. Em artigo intitulado “A cara antidemocrática do capitalismo” e publicado na edição eletrônica da Agência Carta Maior, Chomsky observa que estudo dos pesquisadores em economia internacional Winfried Ruigrok e Rob van Tulder constatou que, nos últimos 15 anos, pelo menos 20 companhias entre as 100 primeiras do ranking da revista Fortune não teriam sobrevivido se não tivessem sido salvas por seus respectivos governos. Além disso, muitas, entre as 80 demais, obtiveram ganhos substanciais via demandas aos governos para que “socializassem suas perdas”: “Tal intervenção pública foi a regra, mais do que a exceção, nos dois últimos séculos”, concluíram os pesquisadores citados por Chomsky.

Parlamento virtual
O pensador estadunidense acrescenta que a liberalização financeira teve efeitos para muito além da economia: “Há muito que se compreendeu que era uma arma poderosa contra a democracia. O movimento livre dos capitais cria o que alguns chamaram um “parlamento virtual” de investidores e credores que controlam de perto os programas governamentais e “votam” contra eles, se os consideram “irracionais”. Quer dizer, se são em benefício do povo e não do poder privado concentrado”, ironiza.
Ele acrescenta que os investidores e credores podem “votar” de várias formas, como recorrendo à fuga de capitais, com ataques às divisas e com outros instrumentos que a liberalização financeira “lhes serve de bandeja”: “Essa é uma das razões pelas quais o sistema de Bretton Woods, estabelecido pelos EUA e pela Grã Bretanha depois da II Guerra Mundial, instituiu controle de capitais e regulou o mercado de divisas”, observa.

Sem crédito
Segundo estimativa do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), neste ano o crédito total aos emergentes deve ficar em cerca de US$ 135 bilhões, um terço do que foi concedido em 2007. Para evitar que a crise já vivida pelos bancos dos países centrais afete de maneira mais intensa os bancos dos países emergentes, dirigentes de instituições financeiras públicas e privadas de países emergentes se reúnem nesta terça-feira, em Zurique. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, representa o Brasil na reunião, que marca o início das atividades do Comitê Consultivo de Mercados Emergentes do IIF.
Entre os temas em discussão está ampliar o peso do G-20 na discussão de reformas do sistema financeiro internacional, com o objetivo de aperfeiçoar sua regulação. Participam, entre outros, representantes da China, Índia, Coréia, Polônia, África do Sul e Venezuela.

Companhias
Defensores da extradição de Cesare Battisti para a Itália mostram-se incomodados com a lembrança de que a decisão do governo italiano de negar a devolver Salvatore Cacciola não despertou as mesmas críticas proferidas agora pela militância midiática. Para eles, as situações não seriam comparáveis, por Cacciola também ter cidadania italiana, enquanto Battisti não é nacional. Esse argumento, porém, desconsidera que Cacciola desenvolveu, digamos, sua carreira no Brasil e, ao mesmo tempo, revela a unidade de medida que move os defensores da extradição de Battisti.

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Prevenção
Uma campanha de conscientização, com distribuição de 10 mil folhetos nos condomínios em que administra, com dicas de combate à dengue, é a contribuição da administradora Protel para o Rio não ficar parado enquanto a doença se espalha. “Nosso objetivo é conscientizar os moradores de nossos condomínios sobre a responsabilidade de evitar que a dengue chegue em suas casas”, explica o presidente da Protel, Alfredo Lopes.

Comunicação pública
O professor Bernardo Kucinski ministra a partir de 5 de março, na Escola de Comunicação (ECA) da USP, o curso de especialização “Comunicação pública e de governo”. O objetivo é discutir o conceito de comunicação pública e como ele se aplica a estratégias de comunicação de atos e propostas de políticas públicas de governos centrais, estaduais e municipais e grandes instituições e organizações movimentos sociais e políticos. Kucinski, que também é jornalista, foi assessor especial da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica do presidente Lula. Nessa condição, fornecia a Lula e um restrito grupo de auxiliares uma análise crítica da cobertura da imprensa, batizadas de Cartas Críticas.

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