O Brasil enfrentou uma das piores secas dos últimos anos, com perdas econômicas estimadas em US$ 1,3 bilhão. A seca afetou gravemente a agricultura e o abastecimento de água em várias regiões, reforçando a necessidade de políticas de gestão de recursos hídricos mais eficazes.
Além disso, em fevereiro e março, o Brasil também sofreu com fortes chuvas, resultando em inundações e deslizamentos de terra. Eventos notáveis incluem as inundações em São Paulo, que causaram perdas econômicas de US$ 120 milhões, e em Minas Gerais, com perdas de US$ 25 milhões.
Foi o que apurou o primeiro relatório de impactos climáticos do ano da Aon, referente ao primeiro trimestre de 2024.
Ainda segundo o estudo, em 2023, o Brasil também foi severamente afetado por desastres naturais, incluindo uma seca que gerou perdas de quase US$ 6 bilhões e inundações que resultaram em centenas de milhões de dólares em prejuízos. Este aumento significativo nas perdas sublinha a crescente vulnerabilidade do país às mudanças climáticas e a necessidade de ações mitigadoras urgentes.
As perdas econômicas globais devido a desastres naturais no primeiro trimestre de 2024 foram estimadas preliminarmente em US$ 45 bilhões. Este valor é significativamente inferior à média do século XXI de US$ 59 bilhões e às perdas de US$ 149 bilhões registradas no mesmo período de 2023.
Já sondagem da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) com o empresariado do varejo na capital paulista mostra que, pelo menos, metade desses negócios (51%) sofreu algum tipo de impacto climático nos últimos 12 meses. Os dados dizem respeito, sobretudo, a pequenos e médios empreendimentos.
Dentre os participantes, 38% disseram que os impactos sentidos foram leves, como atrasos no fornecimento de produtos decorrentes de problemas logísticos. Outros 13%, porém, afirmaram que precisaram interromper as operações parcialmente em razão de eventos relacionados ao clima adverso, resultantes de episódios como alagamentos, ventanias ou o calor excessivo.
Os dados também mostram que, pelo menos, um terço (35%) dos ouvidos contabilizou prejuízos financeiros causados por eventos climáticos, sendo que 10% afirmaram que as perdas foram grandes.
Segundo a Fecomércio-SP, são números que sugerem, de certa forma, como uma parcela significativa das empresas ainda não reúne condições de enfrentar os desafios ambientais, os quais tendem a se agravar em um futuro próximo. Muitos desses negócios, vale lembrar, se localizam em áreas mais sujeitas a impactos climáticos – como próximos a rios ou situados em pontos da cidade já conhecidos por alagamentos.
Além disso, boa parte dos empresários pode ter relacionado desafios climáticos à falta de energia elétrica, muito por causa de dois episódios recentes na metrópole: um pertinente, originado de chuvas excedentes e ventos fortes, em novembro do ano passado, que gerou um apagão de mais de uma semana; e outro, não relacionado, envolvendo uma falha na distribuição da concessionária local, a Enel, para a região central de São Paulo, há alguns meses.
Por outro lado, no entanto, é importante observar como boa parte dessas empresas considera que suas operações são resilientes, ainda que não tenham sido expostas a condições severas o suficiente para perceber riscos climáticos. Uma das consequências disso, inclusive, é que a grande maioria das companhias do setor (69,5%) ainda não conta com nenhuma medida para reduzir as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) na atmosfera, assim como não definiram metas de redução para o futuro. As demais adotam algum tipo de ação, embora 15% não tenham objetivos pré-determinados.
Na visão da Fecomércio-SP, isso acontece porque ainda há dificuldades de avaliar o retorno dos investimentos em ações relacionadas a efeitos climáticos, tanto no curto como no longo prazo. Esses negócios apenas espelham um desafio mais estrutural das economias globais.
Segundo o estudo, faltam linhas de crédito especiais para gastos com adoções de tecnologia para redução de emissões, como painéis solares, assim como programas e políticas públicas para incentivar que empresas, sobretudo pequenas e médias, comecem a elaborar um planejamento ambiental adequado ao modelo de negócio. Apesar disso, o número de empreendimentos com alguma medida em operação é relevante, pois sugere que já exista um certo movimento consolidado de tornar o ambiente empresarial mais sustentável.
Dentre as que responderam que têm projetos de mitigação dos impactos climáticos, a imensa maioria (80,3%) indicou a utilização de combustíveis menos poluentes nas frotas, como o etanol ou biodiesel. Para a Fecomércio-SP, trata-se de uma medida mais simples de se pôr em prática no curto prazo. Chama a atenção ainda a rápida inserção de veículos elétricos no escopo das operações corporativas, de forma que 15% das empresas que disseram contar com alguma ação mencionaram a adoção desse tipo de automóvel. Quase metade (46%) desses negócios ainda apontou iniciativas relacionadas à destinação correta de resíduos orgânicos (compostagem, por exemplo), o que contribui para a redução da emissão de GEE e ainda promoveu o aumento de áreas verdes em empresas e cidades.
Ainda de acordo com a Fecomércio-SP,. os eventos climáticos adversos recentes, sobretudo as chuvas no Rio Grande do Sul, devem surtir ainda mais efeito na forma como os empresários observam a questão climática.
Antes mesmo de as chuvas atingirem o estado, a maioria deles (54%) disse, no estudo, considerar a questão climática como “muito relevante” para o futuro dos negócios, independentemente de riscos diretos (chuvas, inundações, secas, calor excessivo etc.) ou indiretos, como regulamentações ambientais ou pressões do mercado.
“Não é trivial, assim, que 70% dos empresários do varejo paulistano estejam pensando em investir mais em medidas de redução de emissões de GEE no futuro próximo. Desses, quatro em cada 10 (37,5%) se dizem ‘muito dispostos’ a injetar recursos nessas ações. Há uma divisão bastante equilibrada quando questionados a respeito do comportamento dos consumidores: metade (49%) afirma notar uma preferência dos clientes por produtos e/ou serviços associados à sustentabilidade, enquanto a outra metade (50%) ressalta que essa ainda não é uma demanda presente.”
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