O auxílio emergencial representou quase a totalidade (cerca de 95%) da renda domiciliar per capita da população mais pobre do Brasil. A proporção também é significativa nas duas faixas logo acima, em que representou 59% e 35%, respectivamente. Nos demais decis de renda mais baixa, a participação também foi substancial, destaca análise feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
De acordo com os dados da Pnad Covid-19, do IBGE, referentes a maio, o valor médio da renda emergencial foi de R$ 846,50. Esse valor correspondeu a 44,6% do rendimento médio dos ocupados, a 77,5% do rendimento médio dos trabalhadores por conta própria e foi 21,2% superior ao rendimento médio do trabalhador doméstico.
A pesquisa de Marco A. F. H. Cavalcanti e Maria Andreia P. Lameiras indica que 26,3 milhões de domicílios (ou 38,7% dos 68 milhões de domicílios brasileiros) tiveram acesso ao benefício. Do total de domicílios contemplados pelo programa, 82% possuíam renda domiciliar per capita de até R$ 832,65, ou seja, renda inferior ao benefício obtido.
Os números comprovam a importância da renda emergencial instituída pelo Congresso. O Governo Bolsonaro, que havia proposto um valor de apenas R$ 200, por três meses, agora reluta em estender o programa por mais dois ou três meses.
Os dados da Pnad Covid-19 revelam ainda que cerca de 77,5% do total de trabalhadores ocupados (65,4 milhões) não estavam afastados do trabalho. Entre estes, 8,7 milhões trabalhavam de forma remota (home office), o equivalente a apenas 13,3% da população ocupada que não estava afastada.
O trabalho em casa beneficiou principalmente os estratos mais altos da sociedade. Entre as pessoas com nível superior completo ou pós-graduação, 38,3% estavam trabalhando remotamente. Os percentuais foram muito baixos entre os sem instrução ou com fundamental incompleto (0,6%), bem como para o nível fundamental completo e médio incompleto (1,7%). Para aqueles com médio completo e superior incompleto o percentual ficou em 7,9%.