Quatro deputados federais do PT protocolaram ontem representação criminal na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos e senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) por suspeita de crime de genocídio contra os povos ianomâmis em Roraima.
Os deputados afirmam que a atitude de Bolsonaro contribuiu de maneira decisiva para a “contaminação dos rios (mercúrio) e, consequentemente, resultou nos impactos na alimentação (pesca) e nas condições de sanitárias (saúde) dos povos tradicionais que vivem e sobrevivem nas áreas onde não deveria haver garimpos, legais ou ilegais”.
A representação também inclui todos os ex-presidentes da Funai durante o governo Bolsonaro – no período de janeiro de 2019 a dezembro de 2022. Assinam a representação os parlamentares Alencar Santana (PT-SP), Maria do Rosário (PT-RS), Reginaldo Lopes (PT-MG) e Zeca Dirceu (PT-PR).
Na representação, os deputados defendem que esses gestores são “diretamente responsáveis, por ação ou omissão, pelas mortes e infortúnios vivenciados pelos povos ianomâmis e outras comunidades indígenas e deverão ser qualificados e responsabilizados”.
Além disso, relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) divulgado nesta terceira semana de janeiro sobre o nível de segurança alimentar no mundo faz aumentar os sinais de alerta para o risco desnutricional que ocorre em países da América Latina e Caribe. O documento aponta que a fome mundial aumentou em 2021, afetando 9,8% da população em nível global. Entre 2015 e 2021, a prevalência da fome aumentou mais na América Latina e no Caribe do que no resto do mundo.
Uma das preocupações no documento entregue pela FAO é que a emaciação infantil pode se tornar uma condição com risco de vida causada pela ingestão insuficiente de energia e nutrientes, má absorção de energia e nutrientes e/ou doença frequente ou prolongada. A emaciação é uma das formas mais críticas de desnutrição na primeira infância, pois está associada a um alto risco de mortalidade se os casos não forem identificados e tratados adequadamente em tempo hábil.
Outro fator que preocupa é que, nestas sub-regiões apontadas, a obesidade em maiores de 18 anos afeta afetou 24,2%, próximo aos 106 milhões de adultos. Bom lembrar que não é o Brasil, mas América Latina e Caribe juntos.
A porcentagem da população que não pode pagar por uma dieta saudável difere muito entre as sub-regiões, bem como entre os países avaliados. Grande maioria da população do Haiti (85,9%) não pode pagar uma dieta saudável, e na Jamaica mais de dois terços da população (66,2%) não podem pagar. O problema é visível em Honduras onde 50% não conseguem pagar. Nicarágua (35,7%); Belize (36,4%). No México são 26,3%. Quase um quarto da população da Bolívia não pode pagar por uma alimentação saudável, enquanto no Brasil, Equador e Peru cerca de 20% da população não pode.
O custo de uma alimentação saudável por dia nesta avaliação é de US$ 3,89 (cerca de R$ 20,30) nos países latinos e no Caribe, contra US$ 3,54 (cerca de R$ 18,47) nos países desenvolvidos.
Com informações da Agência Brasil
Leia também:
Bolsonaro terá que explicar decreto sobre intervenção no TSE