Respirando por aparelhos

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O Estado do Rio de Janeiro, a segunda unidade econômica da federação brasileira (11% do PIB nacional), vai receber neste Carnaval uma enorme quantidade de turistas/foliões, mas ainda enfrenta uma grave crise fiscal/financeira/ambiental, com desdobramentos sociais profundos no cotidiano de seus 16 milhões de habitantes.

Uma simples análise rápida do mais recente Boletim do Programa de Recuperação Fiscal do governo estadual aponta receita tributária em queda, forte retração nos investimentos em infraestrutura e um contingente de restos a pagar de gestões anteriores de aproximadamente R$ 18 bilhões (equivalente a 30% dos R$ 63 bilhões efetivamente gastos pela atual administração em 2019).

 

Rio de Janeiro vai muito mal e

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ainda pode perder R$ 10,6 bi por ano

 

Pressionado pela opinião pública e pelo Poder Legislativo estadual, o governador trocou a direção da Cedae, diante da completa anarquia no sistema de abastecimento de água na Região Metropolitana do Rio. O saneamento básico é um luxo restrito aos apartamentos existentes nos condomínios dos bairros mais caros da Cidade Maravilhosa.

Na visão do economista Carlos Lessa, no clássico, de 2001, Rio de todos os Brasis, tanto o carioca, quanto o cidadão fluminense padecem de uma cidadania restrita e um clientelismo urbano. A cidade do Rio, campeã do desemprego nos anos recentes, convive com o subemprego/precarização, forçando o morador da cidade símbolo internacional da América Latina a optar pelas formas mais amplas de criatividade para sobreviver, diante de tantas dificuldades e iniquidades.

Entretanto, não há nada que não esteja ruim que não possa piorar. Em 29 de abril próximo, o STF julga a liminar que redistribui os recursos da indenização petrolífera – os royalties. A chance do Rio perder este contencioso é alta. Segundo o estudo da Fipe/USP, o Estado do Rio de Janeiro e seus municípios produtores de petróleo nas Bacias de Campos e Santos perderão, anualmente, cerca de R$ 10,6 bilhões.

Ao Deus-dará. O Rio é uma cidade que seduz, mas de dia falta água, pela tarde chove horrores e à noite falta luz. Possui uma elite dirigente pouco eficaz, mas um povo extraordinário, universidades de ponta, cultura popular de raiz, o carnaval, o futebol, muita biodiversidade e belas praias. Vai dar a volta por cima, apesar dos pesares…

Ranulfo Vidigal

Economista.

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