Responsáveis por 3,6% do PIB, bares e restaurantes movimentam R$ 416 bi

Alimentação fora do lar no Brasil ultrapassa R$ 54,5 bilhões em 2024

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Garçom em restaurante (Foto: Wikipedia/CC)
Garçom em restaurante (Foto: Wikipedia/CC)

Estudo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em parceria com a Escola de Economia (EESP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que o setor de alimentação fora do lar movimentou R$ 416 bilhões em 2023 – 3,6% do PIB nacional. Um dos dados mostra o efeito multiplicador: para cada R$ 1.000 gastos em bares e restaurantes, R$ 3.650 são injetados na economia em efeitos diretos, indiretos e induzidos (decorrentes do fato de que o emprego e a renda aumentam no sistema econômico). Além disso, o setor emprega diretamente 4,94 milhões de pessoas, o que corresponde a 7,9% do total de empregos formais do Brasil, com uma massa salarial de R$ 107 bilhões.

Os dados também revelam a diversidade do setor: 94% das empresas são microempresas, e 65% dos empreendedores atuam como MEIs. O setor é majoritariamente composto por trabalhadores jovens, com idade média de 34 anos, e apresenta uma representatividade de 49% de mulheres e 63% de pretos e pardos.

Apesar do impacto positivo, o estudo também aponta desafios significativos, como alta taxa de informalidade (41%), inadimplência e dificuldades de acesso a crédito. Além disso, a baixa qualificação da mão de obra e os custos tributários elevados comprometem a competitividade dos negócios.

O professor de economia da FGV e um dos coordenadores do estudo, Márcio Holland, contextualizou que o setor de alimentação fora do lar é uma importante via de ascensão social no Brasil, e que pequenos e microempreendedores começam seus negócios como um sonho de vida e uma forma de sustentar suas famílias. Entretanto, um dos grandes desafios que atingem esse segmento é o alto número de trabalhadores informais.

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“Para promover produtividade em um setor, é essencial enfrentar a questão da informalidade, que hoje atinge metade dos empreendimentos. A informalidade impacta diretamente o capital humano, dificultando treinamento, qualificação e, consequentemente, gerando altos índices de rotatividade. Esse ciclo vicioso também mantém os salários baixos e desincentiva investimentos”, explica.

“É necessário criar uma estrutura de incentivos que estimule o aperfeiçoamento do setor, incluindo programas de capacitação, qualificação e treinamento. Além disso, o setor precisa incorporar uma agenda de inovação, um ponto recorrente em estudos internacionais sobre food service, que destacam avanços variados nessa área”, explica o professor.

Já o estudo Consumer Eating Share Trends (“participação no consumo de alimentos” em inglês) do Instituto Foodservice Brasil (IFB) mostrou que antes mesmo do ano acabar, o mercado nacional de food service registrou faturamento de R$ 54,5 bilhões entre janeiro e setembro de 2024. Em termos de frequência, o público ultrapassou três bilhões de visitas ao longo do ano no país, que contabiliza quase 2 milhões de comércios de alimentação.

De acordo com o IFB, os últimos 18 meses foram marcados por um potencial de gasto reprimido. A entidade afirma, ainda, que o horário de almoço e o período noturno registraram crescimento. Entre os insights revelados pelo instituto, as redes mais estruturadas possuem maior resiliência para lidar com o cenário econômico de instabilidade no Brasil, sobrepondo-se a estabelecimentos independentes.

O bom momento do setor de food service também ganha destaque no franchising no terceiro trimestre deste ano, com aumento de 14,0% no faturamento de julho a setembro, o que corresponde a um montante de R$ 13,756 bilhões, segundo a Pesquisa Trimestral de Desempenho divulgada neste mês pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).

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