O Grupo dos Sete, ou o G7, inicia neste final de semana sua reunião de líderes. Formado por Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, França, Alemanha, Itália e Japão, mais a União Europeia como convidada permanente, o grupo é uma lembrança desbotada do passado. “O título curto, mas forte, lembra a glória passada desses sete países industrializados. De fato, quase 50 anos atrás, seu PIB representava quase 70% do total mundial”, descreve o comentarista chinês de assuntos internacionais Xin Ping.
“Nos próximos dias, hotéis e restaurantes em Hiroshima, no Japão, devem estar ocupados estocando o máximo de champanhe e caviar possível, para atender alguns convidados importantes que virão a esta cidade para uma ‘reunião familiar’ anual”, alfineta Ping no artigo “Diga adeus ao G7, um clube do dinheiro antigo”.
O G7 é uma associação informal de sete países industrializados capitalistas. Os membros representam cerca de 10% da população mundial, e sua fatia na economia global caiu para cerca de 45%. Em termos de paridade do poder de compra (PPC, que procura medir o quanto uma moeda pode comprar em bens e serviços), o peso do grupo é ainda menor: 30%, tendo sido ultrapassado este ano pelos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que contribuem com 31,5% do PIB global (pelo PPC).
“Um comunicado anódino normalmente sairá no final deste show anual, julgando outros países aos gostos do próprio G7, com alguns toques aqui e ali para esconder alguma fratura visível neste grupo. Mas as pessoas farão a mesma velha pergunta: o G7 entregará algo que ajude na governança global?”, questiona Xin Ping.
Para ele, as conferências do grupo parecem se tornar mais ritualísticas do que substantivas, pois raramente apresentam resoluções úteis para questões urgentes que o mundo enfrenta. “Logo após a queda do Lehman Brothers, que sinalizou a crise financeira global de 2008, o G20 se reuniu em Washington e apresentou um plano. Desde então, o agrupamento mais representativo, com cerca de 80% do PIB mundial, é considerado uma alternativa ao G7.”
“Se o G7, o nada representativo, anacrônico e manifestamente insuficiente clube dos ricos sem propósito, realmente quer deixar uma marca na história, é melhor economizar o dinheiro dos contribuintes para uma lápide de granito com a inscrição ‘1975-2023’. Caso contrário, ficará apenas como um grão de poeira, eventualmente esquecido, na maré da história”, finaliza o analista.
Leia também: