Reunião matinal

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Abertura
Bolsas asiáticas recuaram, preocupadas com dados da China, enquanto isso mercados no Ocidente avançam, na expectativa da reunião do Banco Central Europeu, e com o avanço do preço do petróleo. Na parte doméstica, inflação de fevereiro fica ligeiramente abaixo do esperado pelo mercado, o campo político segue em destaque. Governo muda estratégia e busca acelerar votação do projeto de impeachment, preocupado que crise aumente pressão contra Dilma, deixando a base aliada mais instável. A parte econômica do governo segue deixado de lado, receita de R$ 3 bi que precisava ser votada, tem validade expirada hoje, e Reforma da Previdência deve ser adiada para depois das eleições municipais no segundo semestre.

Fechamento
Ibovespa oscilou com bancos, Vale e noticiário político. Queda de -0,3%, atingindo 49.102,14 pontos.

MACROECONOMIA
Brasil – IPCA avança menos que o esperado, governo tenta acelerar votação de impeachment, parte econômica sofre novo revés.

IPCA avança 0,9% em fevereiro – Segundo o IBGE, o IPCA de fevereiro ficou em 0,9%, menor que os 1,27% de janeiro e que os 0,98% aguardados pelo mercado. No ano, 2,18% acumulado, patamar também inferior aos 2,48% acumulados no mesmo período de 2015. Considerando os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, a mais elevada variação ficou com educação, que atingiu 5,90%, refletindo os reajustes praticados no início do ano letivo, especialmente nos valores das mensalidades dos cursos regulares, que subiram 7,43%, constituindo-se no item de maior contribuição no mês, com 0,21 p.p.

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Base instável faz governo ter pressa no impeachment – Com a crise política fez com que o governo reavaliasse sua estratégia frente ao processo de impeachment, agora com a percepção de que a base aliada está mais instável, planalto quer pressa na votação. O ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, disse que o caso virou um “cadáver insepulto” e fez um apelo para que o Congresso vote logo o assunto. Sob o argumento de que o país não pode ficar paralisado por causa de uma ação política sem desfecho, Berzoini disse que o governo não fará qualquer manobra para impedir a votação. “Há uma tentativa da oposição de obstruir a pauta da Câmara e do Senado só para discutir impeachment. Não é lícito fazer isso. O Brasil não pode parar.” O diagnóstico do Planalto é que a oposição quer arrastar o impeachment o máximo possível para fazer o governo “sangrar” e, nesse período, angariar o apoio das ruas ao processo de deposição de Dilma. Em solenidade no Planalto, a presidente Dilma Rousseff pediu ontem “compreensão, diálogo e unidade”.

Governo perde fonte de receita de R$ 3 bi – Uma MP que faz parte do ajuste fiscal perderá a validade hoje, não tendo sido votada por falta de acordo com lideranças da oposição. O senador Romero Jucá, relator da medida, estima que o governo deixe de arrecadar R$3 bilhões. A MP levaria a alíquota do Imposto de Renda Retido na Fonte incidente sobre o pagamento de juros sobre capital próprio pagos ou creditados aos sócios ou acionistas de empresa. Na parte de contenção de gastos as notícias também não são boas, e a presidente Dilma sofre pressão para adiar para o segundo semestre o envio da proposta de Reforma da Previdência. Dilma foi aconselhada a evitar enviar a proposta com o clima político crítico atual, a proposta aguardaria as eleições municipais.

Delcídio cita Renan Calheiros e Aécio Neves – Segundo o jornal “Folha de São Paulo”, a delação premiada do senador Delcídio do Amaral, envolve integrantes das cúpulas do PMDB, PT e PSDB. Entre os nomes estão o presidente do Senado, Renan Calheiros, Edison Lobão, Romero Jucá, Valdir Raupp, todos do PMDB, além de Aécio Neves, que já havia sido citado pelo doleiro Alberto Yousseff e pelo transportador de valores Ceará, ambos procedimentos arquivados. Outra delação que pode estar em curso, de Marcelo Odebrecht atingiria diretamente o PT e PMDB, com o empreiteiro detalhando o caminho de recursos por contas no exterior até o caixa eleitoral das legendas.

Política em destaque na agenda do Brasil – Hoje teremos o fluxo cambial semanal (12h30) e o Banco Central realizando dois leilões de linha, em um total de até US$ 2 bilhões (15h15). No cenário político, o Conselho de Ética da Câmara discute desdobramentos de representação contra Eduardo Cunha (10h). O STF julga ação do PPS que pede anulação da posse do novo ministro da Justiça, Wellington César Lima e Silva. Segundo o Broadcast, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se encontrar com o presidente do Senado, Renan Calheiros, e com o ex-senador José Sarney, para tentar conter um possível “desembarque” do PMDB, que compõe a chapa presidencial do governo. A possibilidade de a ala oposicionista do PMDB aprovar uma moção que pregue o fim da aliança durante a convenção nacional do partido, no próximo sábado, 12, tem preocupado o governo.

Mercados internacionais – Incerteza na China volta a afetar mercados, dados do Reino Unido piores que esperado.

Bolsas da Europa e futuros de Nova Iorque avançam – As Bolsas reagem bem à alta do preço do petróleo, e com investidores à espera da decisão do Banco Central Europeu (BCE), amanhã, que pode trazer anúncio de mais medidas de estímulos.

Produção industrial do Reino Unido mais fraca do que aguardado – No Reino Unido, a produção industrial subiu 0,3% em janeiro ante dezembro, menor que os 0,5% de alta esperados por analistas. Na comparação anual, a indústria britânica produziu 0,2% mais em janeiro, variação que veio em linha com o esperado. O dado anual de dezembro foi revisado, para queda de 0,2%.

Bolsas asiáticas fecham mistas – A fraqueza nos preços de commodities e preocupações com a economia Chinesa fez com que algumas Bolsas da Ásia encerrassem o dia em queda. Pesaram notícias de que o governador de Hebei, província do norte próxima a Pequim, declarou que pretende fechar 60% das fábricas de aço locais até 2020.

Estoques no atacado e de petróleo dos EUA no radar – A agenda externa traz hoje, nos EUA, os estoques no atacado em janeiro (12h) e os estoques semanais de petróleo bruto (12h30). À noite, a China divulga a inflação no atacado (PPI) e varejo (CPI), às 22h30.

Petróleo avança – Às 9h10, o Brent para maio avançava 1,89%, a US$ 40,40 por barril, na ICE, enquanto o WTI para abril negociado na Nymex avançava 1,59%, a US$ 37,08 por barril.

PAINEL CORPORATIVO
Petrobras: investindo fora do pré-sal
O governo quer pressionar a Petrobras a investir em campos que não são do pré-sal e que hoje estariam subaproveitados. Caso contrário, a empresa vai ser obrigada a vender as áreas ou devolvê-las à União. O primeiro alvo é a Bacia de Campos, onde estão blocos gigantes, responsáveis por quase a metade da produção nacional. Embora já estejam em fase de declínio, se recebessem novos investimentos, poderiam produzir mais 200 mil barris por dia de petróleo e render R$ 800 milhões por ano em royalties, pelas contas do governo do Estado do Rio. A medida integra um conjunto de iniciativas para estimular o investimento no setor de petróleo e gás, como antecipou o Estado. Serão cassadas concessões de campos marginais que estiverem improdutivos por mais de seis meses. Em 2017, será realizado um leilão de pré-sal em áreas que ultrapassam blocos licitados sob o regime de concessão, conhecidas como unitizadas. E ainda há a intenção de prorrogar o Repetro, regime que garante benefícios tributários aos importadores de plataformas, com novos itens na lista.

Nippon: capitalização da Usiminas
A Nippon Steel & Sumitomo, sócia da Ternium na Usiminas, está disposta a subscrever o total de uma capitalização da siderúrgica, que poderia chegar a R$ 1 bilhão, segundo apurou o “Valor”. A proposta, que divide os controladores, será discutida na sexta-feira. Se aprovada, a emissão de novas ações seria de papéis ordinários, que hoje representam metade do capital da empresa, a fim de reduzir o impacto da diluição para os acionistas minoritários. Proposta alternativa, apoiada pela Ternium, seria uma capitalização de R$ 500 milhões, combinada com o uso de parte do caixa do braço de mineração da empresa (Musa) e adiamento de compromissos.

Vale e Fortescue: parceria é positiva para mercado chinês, diz Hunan Valin
O grupo chinês Hunan Valin Iron and Steel disse nesta quarta-feira que apóia a proposta de associação entre a brasileira Vale e o grupo australiano Fortescue Metals, do qual é acionista. “Disse a eles que como acionistas nós apoiamos, e que como clientes estaríamos dispostos a comprar os produtos deles”, disse o presidente do Conselho de Administração da companhia, Cao Huiquan, acrescentando que a Fortescue contatou a Valin antes do anúncio. A maior e a quarta maior mineradoras de minério de ferro do mundo estão em conversas que podem levar a Vale a assumir uma fatia minoritária na Fortescue. As empresas também podem misturar parte de seu minério para produzir material favorecido na China. Cao disse que a Valin, que tem fatia de 14 por cento na mineradora australiana, tem sugerido à Fortescue que ela deveria desenvolver recursos minerais de maior qualidade, o que também permitiria elevar sua participação de mercado na China.

Eletrobras: Furnas avalia adquirir linhas da Abengoa
Segundo o “Valor”, a Furnas, subsidiária da Eletrobras, avalia adquirir linhas da Abengoa no país. Ontem, a transmissora de energia elétrica Taesa, controlada pela estatal mineira Cemig e pelo fundo Coliseu, informou não avaliará a aquisição de ativos da espanhola Abengoa no Brasil se o governo federal não permitir uma majoração na receita anual estabelecida para os empreendimentos, conforme afirmou à Reuters nesta terça-feira o presidente da companhia, José Aloíse Ragone. O Ministério de Minas e Energia tem procurado interessados em assumir concessões da Abengoa desde que a empresa paralisou todos os projetos no Brasil ao final do ano passado, quando a matriz da empresa entrou com pedido preliminar de recuperação judicial na Espanha.

Cosan Logística: aumento de capital
A Cosan Logística propôs aumento de capital de R$ 580 milhões mediante a emissão de 1,05 bilhão de ações. “Do ponto de vista econômico, o aumento de capital tem por objetivo incentivar as estratégias de financiamento e investimento da Rumo para que esta possa superar a atual situação econômico/financeira que enfrenta, sociedade na qual a companhia detém participação acionária de 26,26%”, afirma.

Telefónica: investimentos
A espanhola Telefónica, dona do grupo Telefônica Brasil, anunciou nesta quarta-feira que instalará um novo cabo submarino de quase 11 mil km para conectar Rio de Janeiro e Fortaleza a San Juan, em Porto Rico, e a Virginia Beach, nos EUA. O grupo de telecomunicações disse que a infraestrutura, cuja entrada em funcionamento está prevista para o começo de 2018, permitirá “reforçar sua liderança em infraestrutura em toda a América”. A tecnologia permitirá transmissão ultrarrápida e melhorará a confiabilidade das comunicações, disse a empresa.

Arteris: sobre Sem Parar
A Arteris esclareceu em comunicado que a venda da fatia da Sem Parar não foi concluída, em esclarecimento à notícia veiculada pela Reuters. “Nenhum comunicado ao mercado, nem fato relevante foi divulgado anteriormente pela companhia relativo à noticia veiculada pela Reuters Brasil, pois nenhum contrato ou transação referente à venda da participação de 4,68% na sociedade STP foi assinado ou concluída”.

XPI
Celson Plácido
Analista, CNPI
Fonte: Análise XP e Bloomberg
Fontes dos textos: AE, Bloomberg, InfoMoney e Reuters.

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