Reunião Xi–Trump traz avanço a acordo entre China e EUA

Ministério chinês anuncia resultados alcançados: China comprará soja, EUA reduzirão tarifas. Xi e Trump trocam elogios.

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Trump e Xi apertam as mãos na reunião em Busan, na Coreia do Sul, para tratar de acordo entre EUA e China
Reunião entre Trump e Xi em Busan, na Coreia do Sul (foto de Huang Jingwen, Xinhua)

Sob os olhares do mundo, os presidentes da China, Xi Jinping, e dos EUA, Donald Trump, apertaram as mãos nesta quinta-feira para um encontro muito aguardado, o primeiro desde que Trump reassumiu a presidência dos EUA no início deste ano.

Mais tarde, ao término da reunião de 100 minutos em Busan, segunda maior cidade da Coreia do Sul, os dois mostraram um tom conciliatório.

Xi Jinping disse que está pronto para continuar trabalhando com Trump para construir uma base sólida para os laços bilaterais e criar um ambiente propício para o desenvolvimento de ambos os países.

“Acho que já concordamos com muitas coisas e acho que vamos concordar com mais algumas coisas agora mesmo. Acho que teremos um relacionamento fantástico por muito tempo”, disse Trump no início da reunião, na qual ele descreveu Xi como um “negociador muito duro” e um “grande líder de um grande país”.

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O presidente chinês ressaltou que as equipes econômicas e comerciais dos dois países tiveram uma troca de opiniões aprofundada sobre questões econômicas e comerciais importantes e chegaram a um consenso de solução de várias questões.

Ele pediu às duas equipes que elaborassem e finalizassem as medidas de acompanhamento o mais rápido possível e garantissem que os entendimentos comuns fossem mantidos e implementados de forma efetiva, para injetar confiança nos dois países e na economia global com resultados sólidos.

Pelo rascunho de acordo, negociado no fim de semana na Malásia, a China suspenderia por um ano o regime de licenciamento de terras-raras e retomaria as compras de soja dos Estados Unidos em troca de uma redução nas tarifas estadunidenses, de 57% para 47%.

Principais pontos já acordados

O Ministério do Comércio da China divulgou nesta quinta-feira os resultados alcançados pelas delegações chinesa e estadunidense durante suas recentes negociações econômicas e comerciais em Kuala Lumpur.

O lado dos EUA cancelará as chamadas “tarifas de fentanil” de 10% e suspenderá, por mais um ano, as tarifas recíprocas de 24% aplicadas a produtos chineses, incluindo produtos da Região Administrativa Especial de Hong Kong e da Região Administrativa Especial de Macau, disse um porta-voz do ministério, acrescentando que, por sua vez, a China fará ajustes correspondentes em suas contramedidas e continuará com certas medidas de exclusão tarifária.

Os Estados Unidos suspenderão por um ano a implementação de uma nova regra anunciada em 29 de setembro que amplia suas restrições de exportação da “lista de entidades” para qualquer entidade que seja detida em pelo menos 50% por uma ou mais entidades da lista.

A China suspenderá a implementação das medidas de controle de exportação relevantes anunciadas em 9 de outubro por um ano – entre elas, as terras-raras – e estudará e aprimorará planos específicos.

Outros resultados incluíram o acordo de Washington em suspender por um ano as medidas sob sua investigação da Seção 301 direcionada às indústrias marítima, logística e de construção naval da China, com Pequim se comprometendo a suspender correspondentemente suas contramedidas assim que a suspensão dos EUA entrar em vigor.

Duas nações são fortes demais para ignorar uma a outra

Xi defendeu que “nem sempre concordamos, e é normal que as duas maiores economias do mundo tenham atritos de vez em quando”, embora tenha ressaltado que “diante dos ventos, ondas e desafios, o senhor e eu (…) devemos manter o rumo certo e garantir a navegação estável do gigantesco navio das relações entre a China e os Estados Unidos”.

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As interações entre China e EUA devem incorporar as características de uma nova era, disse Gu Qingyang, professor-associado da Escola de Políticas Públicas Lee Kuan Yew da Universidade Nacional de Singapura, observando que a chamada “Armadilha de Tucídides”, que se refere ao confronto entre uma potência estabelecida e uma emergente, não é tão inevitável quanto muitos acreditam.

“Não desejamos ver a China e os Estados Unidos divididos, desvinculados ou em confronto, pois isso seria prejudicial para ambos. As duas nações já são líderes globais e cada uma é forte demais para ignorar a outra”, disse Gu.

Com informações das agências Xinhua e Europa Press

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