Rio de Janeiro atrai investimentos em P&D

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No ano passado, empresas de 66 países diferentes estiveram no Rio de Janeiro à procura de informações de mercado, oportunidades de investimentos ou parceria. No geral, incluindo empresas nacionais interessadas em desenvolver negócios na cidade, a Rio Negócios atendeu 1.200 corporações. A afirmação é do presidente da agência de promoção de investimentos, Marcelo Haddad, que lista os setores que mais despertaram o interesses dos investidores internacionais: energia (20,8%), saúde (9,9%), serviços financeiros (7,7%), indústria criativa (6,5%) e tecnologia (6,3%). Ele acrescentou que esta inciativa deve seguir em alta em 2016.

O Rio de Janeiro está altamente competitivo para atrair investimentos estrangeiros, especialmente em pesquisa e desenvolvimento. Além dos excelentes centros de formação de mão de obra qualificada no setor de tecnologia e taxa de abertura de novas empresas de TI de 6,3%, o hub tecnológico da cidade ainda se beneficiará a partir deste ano da melhor infraestrutura de transmissão de dados da América do Sul”, calcula.

Nesta entrevista ao MONITOR MERCANTIL, Haddad fala sobre vários aspectos que tornam o município Rio um dos mais atrativos para investimentos internacionais e nacionais como, por exemplo, a própria marca da cidade, gargalos, dólar em alta como fonte de atração para empresas estrangeiras, entre outros temas.

Marcelo Haddad / Presidente da Rio Negócios: 'Desafios do Rio pós-Olimpíadas são de ordem burocrática'
Marcelo Haddad / Presidente da Rio Negócios: ‘Desafios do Rio pós-Olimpíadas são de ordem burocrática’

A crise político/econômica que está afetando o Governo Federal tem prejudicado a atração de investimentos para o Rio?

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No âmbito do município, o interesse dos investidores internacionais não sofreu alteração. A Rio Negócios recebe uma média de cerca de mil novas empresas por ano interessadas em investir ou encontrar oportunidades de parceria no Rio de Janeiro e essa tendência deve se manter no ano olímpico, replicando o fenômeno ocorrido nas duas últimas oportunidades de alta exposição da marca Rio de Janeiro – na Copa do Mundo de 2014 e nos Jogos de Londres, em 2012. Além disso, segundo o Empresômetro, ferramenta da Confederação Nacional do Comércio (CNC) que monitora a evolução da economia através do crescimento das empresas na cidade, o Rio registrou um crescimento de 80% de empresas ativas na cidade, sendo as principais nas áreas de serviço, comércio, indústria e construção.

Quais são os gargalos que o município do Rio ainda enfrenta que dificultam a atração de investimentos?

Os grandes desafios da cidade do Rio para atração de investimentos no pós-Jogos continuam sendo de ordem burocrática e a barreira do idioma. Já houve um grande avanço com o pacote de decretos Rio+Fácil, mas ainda existem várias etapas de processos de licenciamentos, incluindo aí, processos de âmbito estadual e federal também que podem ser enxugados. A questão da barreira de idioma também é um dificultador quando os projetos iniciam a fase de estabelecer parcerias com fornecedores e clientes brasileiros.

O Estado do Rio está praticamente falido, sem dinheiro. Há previsões de redução de policiais na segurança, escolas com carência de professores, falta de pagamento, entre outras coisas. Isso mancha a marca Rio?

Na área de segurança, o Rio de Janeiro viveu momentos difíceis nos anos 80 e 90. Nos últimos anos, no entanto, recuperou décadas de atraso em termos de segurança e mobilidade, por exemplo. Os números mostram que o Rio está bem mais preparado, mais equipado e mais seguro hoje, graças às políticas de segurança pública. As Unidades de Polícia Pacificadoras (UPP) são o mais importante e bem-sucedido programa de Segurança Pública no Brasil nas últimas décadas. Pode não haver, momentaneamente, a expansão das UPPs para outros municípios, mas a manutenção das que estão operando, e o Rio tem 37 UPPS, está garantida no orçamento.

A declaração do prefeito Eduardo Paes (PMDB), em conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ironizando a cidade de Maricá, pode atrapalhar o desenvolvimento de novos projetos para o município do Rio? Diante deste quadro, apesar da Rio Negócios só atuar no âmbito municipal, fica difícil implementar projetos de atração de empresas com tantos problemas de ordem econômica no estado e no município?

Grandes investidores pensam em projetos e investimentos com metas de longo prazo. As decisões de investir em uma cidade não levam em conta instabilidades pontuais, que ocorrem em qualquer cidade. Tome como exemplo o setor imobiliário que, nos EUA enfrentou sua maior crise em 2008 e já se recuperou.

O que a Rio Negócios tem feito para melhorar a atração de investimentos para o município do Rio de Janeiro?

Para melhorar a economia e incentivar a abertura de novos negócios na cidade, a Prefeitura do Rio de Janeiro tem trabalhado na melhoria do ambiente de negócios desde que ela foi escolhida como sede dos Jogos Olímpicos. Entre os principais exemplos desse trabalho estão o pacote de decretos Rio+Fácil, que simplificou as exigências para a obtenção de alvarás e habite-se, agilizando o processo de atendimento e estabelecimento de novas empresas no município. A Prefeitura do Rio também atuou em setores econômicos específicos para incentivar o investimento na cidade e a abertura de novos postos de trabalho para a população, como no caso de call centers e hotéis. Além disso, a criação da própria Rio Negócios, foi uma ação da Prefeitura, em parceria com a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), com a finalidade de identificar oportunidades de negócios, facilitar novos investimentos e consolidar inteligência de mercado para empresas interessadas em se instalar na cidade.

O dólar alto facilita a atração de investimentos?

A variação no preço do dólar não altera o interesse dos investidores estrangeiros no país ou no Rio de Janeiro, mas sim a forma como eles entram no país. O dólar em alta cria uma possibilidade maior de empresas estrangeiras entrarem no mercado nacional adquirindo uma companhia brasileira já estabelecida, uma solução que poupa tempo.

Qual a estratégia da Rio Negócios para desenvolver o estado?

A agência tem duas áreas fundamentais, que são inteligência de negócios, que mapeia áreas consideradas vocações econômicas da cidade, e comercial, que atua pró ativamente na captação e atendimento dos potenciais investidores. A estratégia da Rio Negócios para este fim do ciclo olímpico do município é a Casa Rio, o mais extenso programa de desenvolvimento de negócios já realizado no Brasil. A expectativa é que, através das atividades da Casa Rio, a Rio Negócios consiga atrair cerca de 40 projetos para a cidade nos próximos dois anos. Iniciada no dia 17 de março, a programação da Casa Rio irá até setembro, com de mais de 40 eventos até o fim dos Jogos Paraolímpicos. Serão conferências, rodadas de negócios e apresentações sobre oportunidades de investimentos na cidade.

Marcelo Bernardes

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