Se levado em conta apenas partes usualmente comestíveis dos alimentos, o desperdício anual per capita, com base no estudo piloto no Rio de Janeiro, é de 29 kg. Deste montante, 21% são formados por produtos de panificação (11%) e frutas e hortaliças (10%).
Estas são as principais conclusões de um relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (Pnuma), coordenado pela WRAP, publicado nesta quarta-feira, durante evento do Dia Internacional do Resíduo Zero. A Embrapa Alimentos e Territórios (Maceió – AL) colaborou na revisão do novo levantamento global sobre desperdício de alimentos nas etapas de varejo e consumo.
“A metodologia para quantificação do desperdício em famílias do Rio foi bastante robusta, por que analisa todos os resíduos gerados pelos domicílios, mas caso a família tenha o hábito de compostar sobras das refeições ou destinar para animais de estimação, esta parcela dos alimentos não consumida por pessoas não é captada pelo estudo”, analisa Gustavo Porpino, pesquisador da Embrapa Alimentos e Territórios que atuou como revisor do Índice.
“Evitar o desperdício de alimentos nas famílias brasileiras requer implementar ações desde a produção, por que as hortaliças que estragam rápido na geladeira, por exemplo, por vezes são descartadas em função do manejo inadequado de pragas, deficiências no manuseio pós-colheita ou uso de embalagens inapropriadas para armazenagem e transporte”, comenta Porpino.
“Por fim, a educação nutricional é essencial para mudar hábitos de consumo enraizados na cultura brasileira que ainda valoriza muito a fartura na mesa”, complementa.
Para o especialista da Embrapa, nas etapas finais da cadeia produtiva de alimentos, o Brasil pode incrementar a quantificação e a implementação de soluções para melhorar a gestão dos resíduos orgânicos, por exemplo, em centrais de abastecimento (Ceasas), feiras livres e supermercados. Em recente estudo da Embrapa em parceria com a Abreme, por meio dos Diálogos União Europeia – Brasil, quantificou-se o desperdício em feiras livres de Curitiba, Recife e Rio Branco. O tomate foi o alimento mais descartado nas feiras livres analisadas.
“As soluções podem envolver implementação de programas de colheita urbana para que alimentos seguros sejam destinados, por exemplo, a bancos de alimentos, e incremento da compostagem para os resíduos orgânicos não comestíveis. Os resíduos das feiras livres, por exemplo, podem virar adubo para hortas urbanas e escolares”, destaca Porpino.