Desenvolver e adotar novas tecnologias digitais; fortalecer a infraestrutura digital e sistêmica; ampliar a diversidade e a inclusão qualificada; criar políticas de estímulo a micro e pequenas empresas (MPEs), grandes geradoras de emprego; ampliar e descentralizar a oferta de cursos voltados para a indústria de software e serviços de tecnologia de informação e comunicação (ISSTIC). Estas são as medidas necessárias para o setor deslanchar apontadas pelo primeiro Estudo de TICs do Rio de Janeiro, realizado pelo Observatório Softex, em parceria com o TI Rio, entidade representativa das empresas de tecnologia da informação do estado do Rio de Janeiro.
O crescimento pós-pandemia e o investimento de mais de R$ 65 milhões por empresas do setor mostram que o Rio de Janeiro dá sinais claros de expansão e capacidade de geração de empregos qualificados para a área.
A pesquisa, dividida em quatro eixos (cenário setorial, mercado de trabalho, ambiente de inovação e políticas públicas), será apresentada na terça no auditório do Rio Datacentro da PUC-Rio e oferece um diagnóstico abrangente sobre os desafios e as oportunidades do setor no estado, além de recomendações estratégicas para o desenvolvimento econômico, inclusão social e transformação digital.
“Esse mapeamento revela descobertas interessantes sobre o setor, sendo fundamental para o planejamento estratégico das empresas e essencial para formular políticas públicas que busquem fortalecer o mercado de TI em todo o estado, a partir de uma análise que considerou formação técnica, infraestrutura, inovação e ecossistemas regionais”, enfatiza Alberto Blois, presidente do TI Rio. Segundo o levantamento, o estado possui 32.664 empresas atuando nesse segmento e registrou a criação de 4.461 novas vagas de emprego em 2024.
Os dados mostram que o Estado do Rio de Janeiro ocupa posição de destaque em diversos indicadores nacionais relacionados ao setor de TIC.
“Mesmo após uma leve retração no período da pandemia, o segmento de software segue em curva ascendente e representa, em 2025, mais de 53% de todo o setor. O ecossistema de startups mostra-se dinâmico e especializado em modelos SaaS (Software como Serviço), com adoção crescente de tecnologias como Inteligência Artificial e Machine Learning”, aponta Diones Lima, vice-presidente da Softex.
O estado também está entre os primeiros em número de vagas presenciais ofertadas em cursos ISSTIC, com crescimento acima da média nacional no número de concluintes, e concentra 7,57% dos empregos formais da área no país.
“Sempre tivemos a percepção de que o Rio era um polo de tecnologia. Agora a pesquisa confirma que o cenário de negócios em ISSTIC é marcado por uma forte concentração na Região Sudeste, que responde por mais de 70% dos investimentos nacionais em serviços de TIC. O Rio contribui com 14,62% desse total, ficando atrás apenas de São Paulo”, salienta Blois.
O estudo apontou que o setor de startups fluminense apresentou um significativo crescimento entre 2000 e 2025: 657%, sendo que 65,2% estão concentradas na capital. A maioria dessas startups está voltada para os ramos de Tecnologia da Informação, Educação e Saúde e Bem-estar. Apesar do crescimento, no cenário global, a cidade do Rio de Janeiro ocupa a 147ª posição entre os principais polos de inovação no The Global Startup Ecosystem Index Report 2025, uma queda em relação a anos anteriores.
“Esse levantamento é um caminho para pensarmos políticas públicas e parcerias público-privadas para um futuro promissor para o setor e para a democratização de serviços para a comunidade”, diz Blois. “Ao identificar os segmentos com menor concentração de empresas, por exemplo, é possível direcionar investimentos estratégicos e implementar políticas de incentivo que estimulem o crescimento desse ramo de atividade no Rio de Janeiro”, acredita o presidente do TI Rio.
Mercado de trabalho – A pesquisa apontou que o mercado de trabalho em ISSTIC no Rio de Janeiro demonstra grande vitalidade e uma participação expressiva no cenário nacional. Em 2024, o estado foi responsável por 12,4% do saldo positivo de empregos no setor em relação ao mercado brasileiro (4.461 novas vagas), um desempenho superior à sua participação nas admissões (8,1%) e no estoque de vagas (9,1%), indicando uma forte capacidade de criação e retenção de postos de trabalho. Desde a retração causada pela pandemia em 2020, a área registra saldos positivos de vagas, impulsionada principalmente pelos segmentos de serviços de TI (3.686 vagas em 2024) e Indústria de Software (905 vagas em 2024). A geração de empregos, no entanto, é geograficamente desigual, concentrando-se em municípios como Rio de Janeiro (1.518 vagas), Macaé (969) e São João de Meriti (936), enquanto outros, como Volta Redonda, apresentaram saldo negativo (-361). Registrou-se ainda uma forte tendência de ingresso de jovens de 18 a 24 anos no setor, faixa que liderou o saldo de vagas em 2024.
Para sustentar esse mercado, a formação de talentos é crucial, aponta o estudo, já que o Rio de Janeiro ocupa a sexta posição nacional em número absoluto de cursos ISSTIC presenciais (146 cursos). Apesar de UFRJ e a PUC-Rio se destacarem na avaliação da qualidade com reconhecimento internacional na área de Ciência da Computação, o levantamento também apontou o crescimento exponencial da modalidade de Educação a Distância (EAD), que aumentou em 15 vezes o número de cursos na última década, situação confirmada pelo Censo da Educação Superior 2024, divulgado no final de setembro pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
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