Risco geopolítico no Oriente Médio deve pressionar inflação

Além do conflito entre Israel e Palestina, há risco também no Estreito de Ormuz, uma rota marítima crucial para transporte de petróleo

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Guerra em Gaza (Foto: Yasser Qudih/Ag. Xinhua)
Guerra em Gaza (Foto: Yasser Qudih/Ag. Xinhua)

Além do conflito entre Israel e Palestina, há risco também no Estreito de Ormuz, uma rota marítima crucial para transporte de petróleo

O recente conflito entre Israel e Hamas está resultando, além das lamentáveis perdas humanas, em uma preocupante instabilidade nos mercados, agravando a aversão ao risco.

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Uma escalada da guerra pode resultar no envolvimento do Irã, um país com vínculos com grupos extremistas na região. Como um dos maiores exportadores de petróleo do mundo, o Irã correria o risco de enfrentar um agravamento no embargo ao seu petróleo por parte de países ocidentais, aumentando o custo energético no mercado.

Outro risco do conflito pode ser o bloqueio do Estreito de Ormuz, uma rota marítima crucial para o transporte de petróleo. A interrupção no fornecimento de petróleo pode exercer pressão sobre a inflação, já que o petróleo é um insumo essencial para a produção e transporte de bens e serviços.

Enquanto isso, o aumento da volatilidade já pode ser observado em diversos índices. O ouro à vista subiu 5,4% na última semana, atingindo US$ 1.931,70 por onça em 13 de outubro. Esse foi o maior ganho percentual semanal desde março. O índice de volatilidade CBOE também subiu, apreciando mais de 10% na semana passada.

O Oriente Médio é uma região importante para o suprimento mundial de petróleo, contendo aproximadamente um terço da oferta total de petróleo do mundo, e uma escalada da guerra poderia levar a interrupções no fornecimento de petróleo de países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã.

“Portanto, a alta dos preços do petróleo é um desafio para as autoridades monetárias que buscam conter a inflação. O petróleo é um insumo essencial para a produção de diversos bens e serviços, incluindo transporte, agricultura e manufatura. Um aumento de preços do petróleo pode levar a um aumento generalizado da inflação, pois os custos de produção e transporte aumentam, o que é repassado aos consumidores” diz Victor Arduin, analista de Energia e Macroeconomia da Hedge Point Global Markets.

Enquanto isso, os dados de inflação da última semana mostraram que os preços ao consumidor subiram 0,4% em setembro, acima do consenso de mercado de 0,3%. Essa surpresa altista contribuiu para uma maior dissipação da aversão ao risco que tem sido observada.

Além do mais, a perspectiva de que a inflação nos EUA possa continuar a subir, com novas surpresas altistas, fortaleceu o dólar, impactando negativamente moedas de países emergentes. O setor de serviços dos EUA continuou a crescer no terceiro trimestre, porém a força do setor está impulsionando os preços a subirem mais rápido, colocando em risco o plano de desinflação do Federal Reserve.

O BC americano provavelmente precisará manter as taxas de juros mais altas por um período prolongado, isso se não as aumentar, para conter a inflação, especialmente com componentes voláteis como energia subindo.

“O conflito entre Israel e Hamas adiciona um risco geopolítico significativo aos mercados. Os ativos de risco, como ações e commodities, provavelmente serão afetados, especialmente até que o papel do Irã na guerra fique mais claro. Os dois maiores riscos envolvendo o Irã são uma interrupção no fornecimento de petróleo ao mundo, seja por embargos impostos pelo Ocidente ou por retaliação do Irã obstruindo a passagem do Estreito de Ormuz. Ambas as situações teriam um impacto significativo na economia global”, explica.

O analista ressalta que, na história recente, os conflitos no Oriente Médio não se traduziram em um aumento sustentado no preço do petróleo e não causaram interrupções graves no mercado.

“No entanto, é importante considerar que o contexto atual é diferente, com a guerra na Ucrânia e a incerteza sobre as ações do Irã na região. O aumento da volatilidade no mercado por conta do conflito no Oriente Médio está sendo absorvido pelos preços do petróleo, que já possuíam fundamentos altistas devido aos baixos estoques e resiliência da economia americana”, diz.

Enquanto isso, segundo o analista, custos energéticos mais altos deverão pressionar a inflação, impondo um desafio a mais para as autoridades monetárias, que, apesar do bom trabalho feito até aqui, ainda lutam para controlar os preços.

Pelo menos 3.785 palestinos morreram em decorrência de ataques israelenses desde o início do conflito entre Hamas e Israel, em 7 de outubro. Do total, 1.524 são crianças, mil mulheres e 120 idosos. Há ainda 12.493 pessoas feridas, sendo 3.983 crianças e 3.300 mulheres. O balanço foi divulgado hoje pelo Ministério da Saúde de Gaza.

A pasta informou ainda que 44 profissionais de saúde foram mortos e 70 ficaram feridos em meio a ataques a hospitais e centros de referência no atendimento a pacientes.

“Forças israelenses parecem ter deliberadamente atacado 23 ambulâncias que agora estão completamente fora de serviço.”

“Dezenove unidades de saúde foram direta ou indiretamente visadas, forçando a interrupção do trabalho em 14 centros de saúde afiliados ao sistema de cuidados primários do Ministério da Saúde na Faixa de Gaza. Todas as instalações de saúde correm o risco de paralisação total devido a cortes de energia e à grave escassez de combustível.”

Com informações da Agência Brasil

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