Roma não é uma cidade qualquer: ‘Roma é uma ideia’!

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Coliseu em Roma (foto Pixabay CC0)
Coliseu em Roma (foto Pixabay CC0)

Há séculos os historiadores vêm debatendo sobre a eternidade da cidade

 

Em 21 abril de 753 a.C., nasce a cidade de Roma que hoje completa 2776 anos de existência.

“Roma, Roma, Roma, Roma, Roma, Roma, Roma, Roma, Roma… Roma não é uma cidade qualquer! Roma não é apenas uma entidade geográfica. Roma não é circunscrita por rios, montanhas ou mares. Roma não é uma questão de raça, sangue ou religião: Roma é uma ideia!”

Com estas palavras, Cícero nos lembra que Roma é um mito, e sua gloriosa história é apenas o pálido reflexo de sua imensidão.

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Roma não é apenas uma cidade, mas uma divindade. Roma é uma religião com sua teologia, seus ritos, seus cultos, seus símbolos. Roma é um arquétipo junguiano. Roma é filha do Egito, filha das populações da Mesopotâmia, filha dos grandes gregos, mas mãe de si mesma, mãe de seu próprio Império, de sua própria História. O poder de Roma começou e ainda não tem fim. De Rômulo ao último Papa, o Imperium sine fine continua a governar.

“No princípio era o verbo” diz o Evangelho de João, “no princípio era Roma”, diz o Mito!

Muito se sabe sobre Roma, mas nada sobre seu início, que, historicamente, permanece um mistério. Um mistério que surge das Sete Colinas que contêm, segundo Cícero, um Mito, ou seja, um patrimônio histórico, jurídico, religioso e sapiencial que leva à autorrealização, em nome dessa ideia de Roma, desse Mito, que é o portador da sabedoria antiga, do conhecimento universal.

De fato, Roma foi fundada, não apenas com o arado, mas com um pacto dos romanos com os deuses, um pacto de natureza misteriosa, que se baseia em uma doutrina muito profunda, de estatura iniciática: o ensino tradicional romano. Então, Roma é realmente a cidade eterna? E por quê?

O filólogo Kerenyi explicou-nos que há uma superposição de uma Roma circular sobre os fundamentos da quadrada. É a chamada “quadratura do círculo”, e Roma foi construída sobre esta “quadratura”. Desta forma, em Roma, a dimensão celeste foi fixada arquitetonicamente na dimensão terrestre, tornando-a sagrada para os deuses e, portanto… eterna.

Claro, para nós, no século 21, toda essa história da sacralidade e eternidade de Roma nos faz sorrir; no entanto, há séculos os historiadores vêm debatendo sobre a eternidade de Roma, que teorizaram a existência de uma Roma Atlante, de uma Roma antes de outras Romas, de uma Roma que gera toda a civilização ocidental… Enfim, falamos de Roma há 27 séculos e meio, porque, como nos lembrava Cícero, Roma não é uma cidade qualquer “Roma é uma ideia”!

 

Edoardo Pacelli é jornalista, ex-diretor de pesquisa do CNR (Itália), editor da revista Italiamiga e vice-presidente do Ideus.

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