Após semanas de expectativa por parte do governo brasileiro, finalmente o presidente Lula falou com Donald Trump nesta segunda-feira. Eles dialogaram sobre economia e comércio. O fim do tarifaço sobre produtos brasileiros marcou o teor da conversa, realizada via vídeo conferência. Enrico Gazola, economista pelo Insper e sócio fundador da Nero Consultoria, ao comentar o diálogo, disse que os dois governantes entenderam que um rompimento comercial não interessa a ninguém, nem politicamente, nem economicamente.
“Se essa reaproximação se transformar em ação prática, o impacto pode ser expressivo: o Brasil voltaria a ter acesso mais competitivo ao mercado norte-americano, o que ajudaria a destravar exportações e dar novo fôlego à indústria nacional. Além disso, reduziria parte da incerteza cambial que tem pressionado o dólar nas últimas semanas”,
Após lembrar que o encontro foi breve (cerca de meia hora), mas cheio de significado político e econômico, Gazola, pautado em relatos oficiais, disse que a conversa teve um tom amistoso, algo raro considerando o histórico recente entre os dois países. Eles trataram basicamente de comércio, tarifas e cooperação internacional, com destaque para o pedido de Lula para que os Estados Unidos revisem o “tarifaço” sobre produtos brasileiros como aço, alumínio, café e derivados do agronegócio.
Trump, por sua vez, teria se mostrado aberto a “reavaliar” a questão, embora sem prometer mudanças imediatas. Ele também afirmou que “Brasil e Estados Unidos farão muito bem juntos”, uma frase diplomática, mas que carrega um sinal relevante: há disposição de diálogo.
Além disso, discutiram possíveis encontros presenciais, um nos Estados Unidos e outro durante a COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em novembro, em Belém (Pará), para onde Lula convidou Trump. O presidente dos EUA não afirmou se virá ao evento.
Gazola citou que houve ainda menção à cooperação em energia limpa, semicondutores e infraestrutura, temas que vêm ganhando espaço na agenda global e que são estratégicos para reposicionar o Brasil como parceiro confiável no sul global.
“Na minha avaliação, o conteúdo da conversa mostra que ambos estão tentando reconstruir pontes sem perder o discurso doméstico. Lula tenta mostrar pragmatismo e foco em resultados concretos para a economia brasileira, enquanto Trump busca reafirmar seu papel como líder de uma política comercial ‘dura’, mas aberta a aliados estratégicos”, acredita o economista.
Segundo o economista, mais do que os efeitos imediatos, o encontro deixou uma mensagem clara: o Brasil quer voltar a jogar o jogo das grandes economias, e está disposto a fazer isso com diplomacia, pragmatismo e diálogo.
















