Saída do Reino Unido da UE pode afetar de liquidez de bancos da Europa

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Se o Reino Unido decidir abandonar a União Europeia, uma parte do mercado de crédito poderia acompanhá-lo e os bancos europeus poderiam precisar substituir títulos com um valor total de até 108 bilhões de euros (US$ 123 bilhões), segundo matéria da Bloomberg.

Os credores da UE que compraram títulos lastreados em hipotecas britânicas, empréstimos bancários e dívidas de cartões de crédito podem acabar presos aos efeitos colaterais de uma “Brexit” porque a dívida poderia deixar de contar como reserva de emergência em dinheiro. Um acordo com o bloco levaria anos para ser fechado, mas advogados e analistas começam a sinalizar o temor em relação à posse de títulos lastreados em ativos, mercado que já vem sendo castigado desde a crise financeira.

“Os bancos poderiam enfrentar problemas de liquidez se esses ativos deixassem de contar”, disse Vincent Keaveny, sócio do escritório de advocacia DLA Piper, especializado em crédito estruturado. “Existem grandes riscos, mas não há solução fácil”.

Segundo os Acordos da Basileia, uma série de acordos estabelecidos por reguladores internacionais, os bancos precisam cumprir padrões mínimos pensados para torná-los mais resilientes a choques depois que a crise financeira destacou suas fragilidades. Um dos padrões, conhecido como Índice de Cobertura de Liquidez, exige que os bancos mantenham um volume adequado de ativos líquidos que possam ser rapidamente convertidos em dinheiro para atender necessidades de liquidez por 30 dias.

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Certas notas securitizadas estão incluídas, mas seus ativos subjacentes devem ter como origem um estado-membro, segundo a Diretiva Delegada da Comissão Europeia para o padrão. Isso significa que alguns títulos cobertos por garantias provenientes de um Reino Unido recém separado do mercado comum podem ser excluídos.

“O ‘Brexit’ poderia fazer com que certos títulos respaldados por ativos do Reino Unido deixem de se qualificar como ativos aptos para os fins atuais do índice de cobertura de liquidez”, escreveram Angela Clist e Nicole Rhodes, advogadas especializadas em securitização da Allen & Overy LLP em Londres, em nota a clientes, em fevereiro.

Um bom indicador do volume de títulos respaldados por ativos do Reino Unido que atendem as exigências de liquidez são as porções seniores de títulos garantidos por hipotecas de primeira linha, empréstimos automotivos ou dívidas de cartão de crédito, segundo Manuel Trojovsky, analista do UniCredit Bank em Munique. O total atualmente pendente é de 108 bilhões de euros, disse ele.

O referendo de 23 de junho representa o último desafio ao mercado europeu, de 368 bilhões de euros, que vem experimentando uma queda desde 2007, quando os mercados de crédito congelaram e os títulos foram culpados por provocarem uma bolha imobiliária e ocultarem o risco. Nos últimos dois anos, o mercado teve uma contração de 26%, segundo dados compilados pelo JPMorgan Chase.

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