O saldo total da carteira de crédito deve ter alta de 0,5% em julho, com crescimento liderado pelo crédito destinado às famílias, com estimativa de avanço de 0,9%, revela a Pesquisa Especial de Crédito da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Se o resultado se confirmar, a expansão em 12 meses da carteira deve seguir acelerando e atingir o ritmo de dois dígitos, de 10,4%.
As projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país, que representam, a depender da linha de crédito, de 41% a 88% do saldo total do Sistema Financeiro Nacional. O levantamento da Febraban é divulgado mensalmente como uma prévia dos dados oficiais, que estão programados para serem divulgados no dia 29 de agosto, pelo Banco Central nas Estatísticas Monetárias e de Crédito.
De acordo com a pesquisa, a carteira pessoa física livre deve avançar 1,1%, puxada pela manutenção do bom dinamismo dos financiamentos para aquisição de veículos e pela expansão das linhas de crédito pessoal e cartão à vista, favorecidas pelo avanço do emprego e da renda, além do maior número de dias úteis no mês. Já as linhas mais arriscadas (rotativas) devem seguir mostrando números mais fracos, diante de um cenário de cautela ainda por parte das instituições financeiras quanto às linhas mais arriscadas.
Já a carteira direcionada às famílias deve seguir com bons números e avançar 0,7%. Com isso, o ritmo de expansão da carteira pessoa física deve acelerar de 11,4% para 11,6%.
O crédito às empresas, por sua vez, deve ficar estável (0,%) em julho. Segundo o levantamento, a carteira livre deve recuar 0,6%, impactada pela sazonalidade negativa das linhas de fluxo de caixa e pela manutenção do fraco dinamismo da modalidade de capital de giro, devido à migração das grandes empresas para o mercado de capitais.
Já a carteira direcionada às empresas deve avançar 1,%, novamente impulsionada pelos programas públicos, com efeito importante das medidas de auxílio direcionadas ao Rio Grande do Sul. Em 12 meses, o ritmo de expansão anual da carteira pessoa jurídica deve acelerar de 7,7% para 8,5%.
“Os números de julho indicam que o ritmo de expansão do crédito continuou ganhando tração no início do Segundo semestre, voltando a rodar em um patamar de dois dígitos. O processo de flexibilização monetária, a moderação das taxas de inadimplência e os estímulos por meio de políticas públicas têm contribuído para esse bom dinamismo do crédito”, afirma Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
“A preocupação, no entanto, como já temos alertado, está nas condições do cenário macroeconômico para a segunda metade do ano, que podem influenciar negativamente a dinâmica do crédito no período, interrompendo o ganho de ímpeto que temos observado desde o início deste ano”, completou o diretor.
De acordo com a pesquisa, as concessões de crédito devem crescer 7,3% em julho. Mas, ajustando pelo número de dias úteis, o resultado sinaliza uma queda de 6,7%. O menor volume no mês (ajustado por dias úteis) deve ser especialmente puxado pelas operações destinadas às empresas (-11,3%), diante do usual menor acionamento das linhas de fluxo de caixa (antecipação de faturas de cartão e desconto de duplicatas) no início de trimestre. O volume de concessões destinado às famílias também deve retrair, mas de maneira mais modesta (-2,6%).
Na comparação com o mês de julho de 2023, que elimina as influências sazonais, a pesquisa aponta alta de 14,7%, considerando a média de dias úteis, ou alta de 10,2% quando também ajustado pela inflação. A elevação é mais intensa na carteira pessoa jurídica e com recursos livres.
Por outro lado, os primeiros sinais são de que as concessões de crédito rural (novo Plano Safra) ficaram abaixo do observado no mesmo período do ano anterior, impedindo uma alta ainda maior das concessões no período. Já na visão acumulada em 12 meses, o volume de concessões deve seguir acelerando, passando de uma alta de 9,3% em junho para 11,3% em julho.
Segundo o levantamento, os números seguem sugerindo continuidade ganho de tração do crédito no início do segundo semestre, com melhora observada tanto no saldo quanto nas concessões, ainda se beneficiando do processo de flexibilização monetária, moderação dos índices de inadimplência e das políticas públicas de crédito.
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