São Paulo espera receita na ordem de R$ 16,3 bilhões com o Carnaval

Maior parte dos foliões é da cidade ou da Região Metropolitana; festa deve movimentar as atividades do comércio e dos serviços

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Fantasias de Carnaval (Foto: Tomaz Silva/ABr)
Fantasias de Carnaval (Foto: Tomaz Silva/ABr)

O pré-Carnaval de São Paulo e do Rio de Janeiro deram uma amostra no último fim de semana de que os blocos trarão muito mais alegrias aos foliões neste Carnaval. Porém, as duas cidades carregam muitos contrastes: os megablocos concentrarão milhares de foliões, enquanto cordões tradicionais apresentarão uma diminuição de público. São esperados pelas Prefeituras das capitais paulista e fluminense para todos os dias do Carnaval (10,11,12 e 13) e o pós-Carnaval (17 e 18) mais de 20 milhões de foliões.

Segundo Marcelo Guedes, coordenador do curso de Administração da ESPM e especialista em Carnaval, a realização do Carnaval com os blocos nas cidades promove a empregabilidade e o fluxo de turismo, pois isso é vital para alavancar a economia.

“Para se ter uma ideia, as projeções mostram que, este ano, São Paulo tem uma expectativa de receita na ordem de R$ 16,3 bilhões com a festa, seguido pelo Rio de Janeiro, com R$ 5,3 bilhões, e Minas Gerais, com R$ 5,2 bilhões. Em seguida, e empatados, vêm Bahia e Rio Grande do Sul, com previsão de R$ 2,7 bilhões”.

Os blocos levam de 200 mil a 1 milhão de pessoas para as ruas e a folia traz benefícios para quem trabalha diretamente com os preparativos e com o evento.

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“A economia criativa no Carnaval impacta toda uma cadeia de negócios, que inclui desde hospedagem, bares, restaurantes, supermercados, produção de shows, indústria de vestuário, serviços de mobilidade, companhias aéreas, pequenos negócios, microempreendedores individuais e o comércio por ambulantes” ressalta Paula Sauer, professora de Economia Comportamental na ESPM e especialista em Educação Financeira e Psicologia Econômica.

No Rio, a Prefeitura sorteou cerca de 15 mil vagas destinadas a ambulantes cadastrados, e São Paulo ampliou de 15 mil para 20 mil o número de credenciais para ambulantes para trabalharem durante os desfiles dos blocos de rua do Carnaval de 2024. Sauer destaca que “uma ativação crescente da economia, inclusive da economia criativa, que é tão transversal como outros setores, movimenta as cidades e fomenta toda a indústria e comércio”.

Guedes comenta que a gestão dos blocos de rua deve ser feita ao longo do ano.

“O processo deve agregar a escolha de patrocinadores de forma antecipada, contemplar segurança, saúde, mobilização urbana e controle de tráfego, companhia de trânsito, além de incentivo e ampliação de blocos, organizando tudo de forma profissional. Assim tendo menor risco de acontecer situações como em São Paulo, com desistência de 129 blocos”. O especialista lembra “ainda que criar roteiros de forma geográfica em termos de distribuição pela cidade e seus bairros, dessa forma se tornando algo mais democrático e que contemple um número maior da população”, conclui.

Já segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), com um Carnaval que considera atípico, em decorrência da desistência de mais de 100 blocos de rua nos desfiles da capital paulista, o faturamento do turismo não deve sofrer grande impacto em 2024. Segundo a entidade, embora a festa seja relevante para a economia local, a maior parte do público (91%) é formado por moradores da própria cidade e da Região Metropolitana.

Os dados são da pesquisa do Observatório do Turismo (SPTuris), realizada em 2023. Ainda de acordo com o estudo, dentre os turistas que visitam a cidade, apenas 6,5% utilizam hotéis e flats, enquanto a maioria (62,3%) faz viagens curtas, retornando para a casa no mesmo dia – isso quando não se hospedam na residência de amigos e parentes (24,9%). Contudo, embora represente um percentual menor, o Carnaval de rua não é irrelevante para o setor.

Faz parte da estratégia conquistar turistas de fora do Estado, pois os eventos trazem segurança, fácil deslocamento e diversão. Isto é, todas as variáveis necessárias para atrair foliões que gostem do evento de rua. Além disso, para se ter uma ideia, o gasto médio dos visitantes na capital no ano passado foi de R$ 1.151,90, contra R$ 106,40 do folião local – diferença que movimenta restaurantes, lojas e teatros, entre outros estabelecimentos das cadeias de comércio e serviços que impulsionam a economia da capital paulista.

Neste ano, a desistência de mais de 100 blocos dos desfiles de rua deve resultar numa diminuição do movimento na cidade, o que, evidentemente, tende a impactar a economia de forma negativa. Sem uma projeção no número de foliões pelas ruas, também é mais difícil estimar o impacto financeiro dos gastos do público. No ano passado, o desfile das escolas de samba, que acontece no sambódromo do Anhembi, movimentou pouco mais de R$ 200 milhões – a expectativa é que o valor não seja muito diferente neste ano.

Segundo a Fecomércio-SP, o cancelamento dos desfiles por blocos de diversos tamanhos demonstra a necessidade imediata de uma revisão na estrutura de negócios e organização entre os blocos e a prefeitura. Não cabe à administração municipal financiar integralmente as agremiações, mas pode auxiliar na montagem da estrutura para que os blocos funcionem adequadamente dentro das regras, garantindo que a animação e as expectativas dos foliões consigam atrair o patrocínio de investidores.

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