Dados divulgados hoje pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional do IBGE apontam que na passagem de junho para julho, a produção industrial brasileira caiu 1,4%, com decréscimos em apenas três dos 15 locais investigados: Pará (-3,8%), Bahia (-2,3%) e São Paulo (-1,8%). Já os avanços mais acentuados foram registrados no Amazonas (6,9%) e no Espírito Santo (5,8%).
Paraná (4,4%), Pernambuco (4,2%), Região Nordeste (3,0%), Minas Gerais (2,1%), Ceará (1,9%), Mato Grosso (1,8%), Rio de Janeiro (1,4%), Santa Catarina (1,3%), Goiás (1,2%) e Rio Grande do Sul (0,8%) completam o rol de UFs com resultados positivos em julho de 2024.
Bernardo Almeida, analista da pesquisa, esclarece que a soma dos resultados regionais não resulta no resultado nacional divulgado na semana anterior.
“A leitura que fazemos é que o índice nacional apontou um recuo de 1,4% e, em termos regionais, três locais seguem esse mesmo movimento ou comportamento. É preciso salientar que o resultado regional não esgota o resultado do Brasil, ou seja, uma parte da produção nacional não é vista pelos resultados regionais, já que são apenas 15 locais pesquisados. Dessa forma, como as séries de cada local são formadas independentemente, inclusive a do Brasil, o resultado nacional atua como parâmetro para a análise regional. Ainda, aplicando-se o ajuste sazonal, as séries perdem a singularidade do chamado fator aditividade. Assim, o somatório das partes não resulta no todo. Desse modo, o resultado nacional não deriva da soma dos resultados regionais”, explica Almeida.
Ele ressalta que o recuo de 1,4% está concentrado nas atividades com maior peso dentro da amostra nacional. Houve quedas nos setores de produtos derivados de petróleo, no setor extrativo e de alimentos.
O Pará, que representa 4,1% da produção industrial nacional, voltou a recuar após registrar crescimento nos meses de junho e maio de 2024, período em que acumulou ganho de 25,3%. A indústria local foi afetada por queda no setor de minerais não metálicos. Na indústria baiana, com queda de 2,3%, os setores de produtos químicos e celulose influenciaram negativamente. O estado responde por 3,9% da produção nacional e acumulou perda de 7,9% em dois meses seguidos de queda na produção.
Já São Paulo, que é o mais diversificado industrialmente e representa 33% da produção industrial, foi a maior influência e interrompeu três meses consecutivos de taxas positivas, período em que acumulou avanço de 4,1%.
“A queda de 1,8%, acima da média nacional, acabou eliminando parte do crescimento acumulado no período. A indústria farmacêutica influenciou negativamente o resultado da produção paulista. Com esse resultado, a indústria local ainda se encontra 2,2% acima do patamar pré-pandemia”, completa Almeida.
Ele observa que, nos últimos meses, a indústria vem apresentando comportamento oscilante. No mês anterior, junho, o crescimento de 4,1% ocorreu num movimento natural de recuperação da indústria impulsionado pela retomada de plantas industriais do Rio Grande do Sul, paralisadas em maio. O analista diz que essa nova queda em julho está relacionada a condições macroeconômicas desfavoráveis.
“Observamos a indústria nacional caminhando num ritmo aquém da sua capacidade operacional. Há uma melhora no ritmo de produção e, se formos observar sob a ótica do patamar pré-pandemia, encontramos nove locais operando acima desse patamar. São eles: Mato Grosso (21,3% acima), Rio de Janeiro (11,9%), Mina Gerais (11,4%) Amazonas (8,1%) Paranã (7,9%) Santa Catarina (7,3%), Goiás (4,3%), Rio Grande do Sul (3,5%) e São Paulo (2,2%). Todos estão também acima da média nacional que é de 1,4%”, diz.
Ele ressalta que há um crescimento no ritmo de produção, mas, ao mesmo tempo, observa-se também que a indústria caminha de forma moderada. No lado da demanda, observa-se a taxa de juros em patamares elevados impactando na renda disponível e no consumo das famílias. No lado da oferta, os juros encarecem o crédito e inibem a tomada de decisão de investimentos.
“Por um lado, temos uma melhora no mercado de trabalho e, por outro, temos a taxa de juros refreando os efeitos desse fator positivo. Isso explica esse quadro oscilante no comportamento da indústria”, analisa almeida.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial, pedido pela Confederação Nacional da Indústria, mostra que o PIB do segundo trimestre superou as expectativas, impulsionado em grande parte pelo setor industrial, fato que vem estimulando o otimismo do empresariado. Segundo a CNI, a confiança do setor cresceu pelo segundo mês consecutivo, aumentando 1,6 ponto em setembro e alcançando os 53,3 pontos.
Ainda de acordo com o levantamento, o componente que mede as expectativas dos empresários da indústria quanto ao futuro de seus próprios negócios e da economia do país subiu 1,5 ponto, para 55,4 pontos em setembro, o que reflete mais otimismo dos industriais para os próximos seis meses. O gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, atribui esse movimento ao resultado do PIB do segundo trimestre de 2024 e ao desempenho do setor.
“O PIB do segundo trimestre surpreendeu positivamente, com relevante participação do setor industrial, o que é uma boa notícia para o empresariado. Isso pode ter influenciado tanto a avaliação das condições atuais quanto das expectativas. Em termos de produção, emprego e mesmo de intenção de investimentos, a indústria vem registrando dados positivos, o que certamente melhora a confiança”, comentou.
Em outra pesquisa também da CNI, divulgada no último dia 10, os indicadores industriais continuam a mostrar elevação do nível de atividade industrial na comparação com 2023. Em julho, frente a junho de 2024, houve, por exemplo, evolução das horas trabalhadas na produção.
Com informações da Agência de Notícias IBGE e da Agência Brasil
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