De acordo com cálculos do economista catarinense Ricardo Bergamini, com base em números de janeiro de 2005, o déficit previsto do setor privado (INSS) será de R$ 22,1 bilhões (1,25% do PIB) e o déficit previsto do setor público federal será R$ 33,7 bilhões (2,13% do PIB), totalizando no ano déficit de R$ 59,8 bilhões (3,38% do PIB). Isso porque o governo continua jogando na vala do superávit primário a receita da Cofins, criada justamente para financiar a Previdência. Esse tributo deve arrecadar R$ 90 bilhões (5,09% do PIB). Ou seja, o déficit vira superávit de R$ 30,2 bilhões.
O culpado
A coincidência entre os 20 anos da derrocada da ditadura e dos 15 anos do Plano Collor fornece nova oportunidade ao país para desconstruir antigo mito: o ds hiperinflação de 84% “ao mês” do governo Sarney como justificativa para o Plano Collor. Contrariando o senso comum, a inflação de 84% “ao mês” restringiu-se a março de 1990. Seis meses antes, o índice era de 15%. Graças ao então ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, e sua política de juros inacreditáveis – chegou a 4% ao dia no over – a inflação subiu 5,6 vezes nesse curto período, criando as condições psicológicas para Collor justificar o confisco. Tal colaboração fez de Maílon, além do Senhor Inflação, uma espécie de protopai do Plano Collor. Estranhamente, no mercado financeiro, enquanto Sarney é satanizado como sinônimo de hiperinflação, Maílson tornou-se um dos seus oráculos mais bem-remunerados. Em tempo, apesar da Era Maílson, a inflação média dos cinco anos de Sarney foi de 17%, pouco maior do que a média de Collor, cujo governo durou apenas dois anos.
Mão única
O secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Jorge Solla, foi sexta-feira à Assembléia Legislativa do Rio para discutir a crise no sistema de saúde do município. Ao terminar sua explanação, Solla se retirou da audiência, deixando sem respostas inúmeras perguntas dos parlamentares presentes. Foi o caso, por exemplo, do deputado Luiz Paulo (PSDB), que afirmou que o secretário só ficou na retórica e não propôs nenhuma solução. “Os problemas todos conhecem, precisamos é definir a saída que podemos ter na saúde metropolitana. Vivemos uma situação de calamidade pública”, disse.
Caos encomendado
Os últimos fatos não deixam dúvidas, o prefeito Cesar Maia parece compartilhar a idéia de que impopularidade pouca é besteira. Com a imagem duramente afetada na crise da saúde, para o que contribui seu comportamento de, cada vez mais, assumir voluntariamente o papel do bandido, Cesar prepara mais um tiro no próprio pé. O show desta segunda-feira do guitarrista norte-americano Lenny Kravitz, às 19h, em plena Avenida Atlântica, em Copacabana, é pule de dez para um dos maiores engarrafamentos registrados no Rio.
Braços cruzados
Os funcionários da Ten Setals, que trabalham na construção da plataforma de petróleo P-51, da Petrobras, no parque industrial da Nuclep, em Itaguaí, começarão uma greve por tempo indeterminado nesta segunda-feira, garante o Sindicato dos Metalúrgicos do Rio. Os empregados querem uma espécie de equiparação de ganhos com o do pessoal que trabalha em obras idênticas em outros estaleiros, o que significaria aumento salarial de 50%, além de outros benefícios trabalhistas.
Ensino
A proposta do governo federal para a reforma universitária e o rumo do ensino superior no Brasil são temas da palestra que o economista Cláudio de Moura Castro, ex-diretor do Bird na área de políticas educacionais e membro do Conselho Consultivo do Grupo Pitágoras, fará nesta segunda-feira, às 9h, na Associação Comercial do Rio de Janeiro (R. da Candelária, 9, Mezanino/13º andar).
Ouro verde
Com investimentos de R$ 79 milhões nos próximos três anos, 42 municípios do semi-árido piauiense vão produzir mamona para transformação em biodiesel. Há 1.810 agricultores familiares trabalhando em 3,6 mil hectares. A colheita começa em abril e prossegue até agosto, garantindo uma renda mensal de R$ 400 para cada agricultor.