Saques no FGTS tiram R$ 9 bilhões da habitação

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Água suja a céu aberto por falta de saneamento básico (Foto de Marcelo Camargo/ABr)
Falta de saneamento (Foto de Marcelo Camargo/ABr)

A continuidade da crise econômica por conta o atraso na vacina e da falta de políticas de investimentos públicos levou, uma vez mais, o Ministério da Economia a cogitar liberar recursos do FGTS para saques pelos trabalhadores.

O esquema vem se repetindo desde 2017, com Michel Temer, quando foram injetados R$ 44 bilhões na economia. A ação contribuiu para impedir nova queda do PIB, mas não teve efeito duradouro e iniciou o esvaziamento do Fundo de Garantia, usado para financiar saneamento e habitação.

A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) alerta sobre os riscos decorrentes da ampliação das modalidades de saques, somada ao aumento do desemprego.

Representante dos trabalhadores no Conselho Curador, José Abelha Neto afirma que a redução no orçamento trará impactos significativos em áreas como a habitação. “O valor para 2021 é de R$ 56,5 bilhões frente a R$ 65,5 bilhões em 2020. As principais consequências desta redução devem ser o aumento do déficit habitacional (hoje por volta de 8 milhões de moradias), e menos oferta de emprego. A cada R$ 1 milhão de investimento, a construção civil cria 7 empregos diretos e 11 indiretos”, explica o conselheiro.

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A cena se repete na área de saneamento, problema crônico no país. Em 2018, de acordo com a Fenae, foram investidos R$ 2.258.399.525,00, o que representa uma diminuição de 35,3% em relação a 2017; em 2019, R$ 1.971.584.928,12, ou seja, quase R$ 300 milhões a menos; e em 2020 o valor investido foi de 1.369.472.290,10. Em relação a 2017, primeiro ano em que foi liberado o saque, são menos R$ 2 bilhões investidos no setor.

Para o diretor de Formação da Fenae, Jair Pedro Ferreira, “neste momento crítico em que vivemos, a liberação deste recurso tem sido muito importante para socorrer e aliviar a população que está sem renda. Isto é indiscutível. Mas o Fundo tem um papel social fundamental para desenvolver as políticas públicas que amparam os brasileiros”, argumenta Jair Ferreira.

Além do que assinala o diretor da Fenae, o saque não atende aos mais necessitados no momento, que são os milhões de desempregados ou trabalhadores informais que não conseguem obter rendimento suficiente para a sobrevivência.

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