Se Brasil quebrou, não é por falta de ajuda dos preços das commodities

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Ministro da Economia, Paulo Guedes (foto ABr)
Ministro da Economia, Paulo Guedes (foto ABr)

Para o presidente Jair Bolsonaro, “o Brasil está quebrado” não consigo fazer nada. “Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda, teve esse vírus, potencializado por essa mídia que nós temos.” O ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou minimizar, afirmando que o presidente fazia a referência às contas públicas.

“Como carimbamos todo o dinheiro (do orçamento), o investimento público foi amassado, e caiu para 1% do PIB. Mesmo se eu dobrar o investimento público não vou conseguir fazer o país crescer. A verdade dura é que o governo brasileiro quebrou em todos os níveis, federal, estadual e municipal”, afirmou Guedes, em audiência pública da Comissão Mista do Congresso que acompanha as medidas relacionadas ao novo coronavírus.

O impacto da pandemia é nítido, mas Guedes não pode se queixar do setor externo. Dados do Fundo Monetário Internacional mostram que os termos de troca de commodities – a relação entre os preços de importação e exportação de commodities de um país – atingiram o nível mais alto desde 2011 para os principais exportadores de commodities da América Latina. “No Chile e no Peru, os termos de troca das commodities são atualmente os mais favoráveis desde 1980, graças aos preços recordes do cobre e de outros metais.”

No Brasil, os números já ultrapassaram os níveis de 2012 e se aproximam do pico de 2011. Foi nesse período que os governos do PT, apesar da crise financeira de 2007/2008, levaram o país a atingir os melhores momentos na economia nos anos 2000.

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O FMI ressalta que, para não ficar dependendo das altas e baixas das commodities, é preciso caminhar para sistemas de impostos e transferências mais progressivos, reduzindo a desigualdade e criando espaço fiscal para políticas pró-crescimento e pró-pobres.

“A América Latina deve aumentar a progressividade do imposto de renda de pessoa física, concentrando-se na redução das isenções fiscais e no combate à evasão e elisão fiscais”, defendem os economistas do FMI.

 

Guedes sem dogmas

Questionado por parlamentares em audiência na Comissão Mista do Congresso sobre a possibilidade de emissão de moeda para combater a crise, o ministro da Economia respondeu que sim. “Bom economista não tem que ter dogma, é muito fácil fazer inversão de marcha. Se cairmos em uma armadilha de liquidez, em um cenário de inflação zero, o Banco Central pode sim emitir muita moeda e comprar dívida interna. Pode monetizar a dívida, sem gerar impacto inflacionário”, respondeu.

Não foi a única declaração surpreendente de Paulo Guedes. Em reunião do Conselho de Saúde Complementar, nesta terça, incorporou o ex-ministro Ernesto Araújo e disse que “o chinês inventou o vírus, e a vacina dele é menos efetiva que a americana”.

Guedes foi adiante: disse que educação pública ensina sexo para crianças de 5 anos e que setor púbico é antro de maconha. Damares e Abraham Weintraub se sentiram representados.

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