Selic: 14,25% não foi surpresa, mas patamar deve ser menor na próxima reunião

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Limite de juros (ilustração Auditoria Cidadã)
Limite de juros (ilustração Auditoria Cidadã)

O Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central, aumentou a taxa de juros em 1% nesta quarta-feira, saindo de 13,25% para 14,25%. O aumento nesse patamar já era esperado. A próxima reunião será em maio. Analistas sinalizam aumento menor da taxa de juros.

“Uma decisão unânime, sem surpresas. O comunicado veio com tom duro, mais hawkish. Um primeiro destaque é que eles começam destacando a preocupação com os Estados Unidos e talvez, dependendo das medidas do Donald Trump, a possibilidade de lá enfrentar um processo inflacionário e que isso possa se espalhar”, comenta Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos

Ele acredita que para as próximas reuniões novas altas, mas menores, principalmente se os preços começarem a se acomodar. “Então, para a próxima reunião, eu trabalho com uma possibilidade de um aumento de 0,5%. E acho que o tom ali ficou mais ou menos nisso. Quando eles falam de dinamismo nos preços, eu vejo isso como o início de uma correção inflacionária aqui”.

Para a abertura da Bolsa nesta quinta-feira), o analista acha que não vai ter muita diferença nas cotações. “Na verdade, a gente pode ver uma correção pela Bolsa ter subido seis dias consecutivos e o dólar ter tido uma queda relevante. Boa parte dessa queda do dólar já era na expectativa por esse aumento de taxa de juros aqui e geralmente é comum depois que esses dados saem os mercados corrigirem”.

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Ele espera uma movimentação de alta para os juros futuros nesta quinta-feira para os de longo prazo. E para os curtos talvez uma movimentação um pouquinho mais próxima do zero, com uma alta um pouquinho menor.

Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, explica que o comunicado trouxe todos os balanços de risco que o Banco Central enxerga. “O comunicado foi muito em linha com os últimos. Traz ali um balanço de risco assimétrico, dizendo que tem mais risco de pressão inflacionária”. Bolzan vê com bons olhos a sinalização de que a taxa vai continuar aumentando, mas com uma magnitude menor. “Isso porque quando a gente avalia os dados de inflação que saíram recentes, o IPCA de fevereiro que veio em 1,31% e o acumulado de 12 meses, está bastante pressionado ainda, acima de 5%. Então, a inflação corrente está muito pressionada. A expectativa futura, que é analisada através do boletim Focus, também está desancorada. Então, realmente necessita-se, nesse momento, de um comitê duro que continue subindo os juros, mas em menor magnitude”, acredita.

Segundo ele, os dados mais recentes que saíram da economia brasileira mostram uma atividade um pouco mais fraca. Quando a gente olha os dados dos Estados Unidos, a gente percebe já uma sinalização um pouco mais de desaceleração da atividade econômica americana. E o mundo está desacelerando.

“A dúvida é a Selic terminal, ou seja, o fim do ciclo, e eles deixam bem claro, assim como nos últimos comunicados, que vão perseguir a inflação dentro do centro da meta, no horizonte relevante. E esse horizonte relevante a gente está falando de um ano a um ano e meio, não é a inflação desse ano, e sim eles já estão olhando para a metade de 2026. Então, o comunicado trouxe sim esse guidance e eu acho que foi bastante importante”, ressalta. Bolzan afirma que já é uma Selic bastante contracionista, que causa um impacto na atividade, mesmo não sendo imediato. “Esse impacto acaba vindo nos próximos meses, de seis a doze meses, mas isso sim vai ser importante para fazer com que a inflação volte mais próximo dos 4,5%”.

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