Ao anunciar nesta quinta-feira as medidas que o governo adotará para o combate à pandemia, o presidente Jair Bolsonaro deu mais uma prova de que será difícil atuação de um comitê de coordenação nacional anunciado na véspera. Voltou a criticar a adoção de lockdown, medida restritiva implementada por diversos países implementarem em função da alta de novos casos.
Ao sempre minimizar gravidade do impacto da Covid-19 no Brasil, no começo da semana, em evento no Palácio do Planalto, disse que o país está “dando certo” e “dando exemplo” em meio à pandemia, e que “parece que, no mundo todo, só no Brasil está morrendo gente”.
Quase verdade. Os dados brasileiros de novas mortes e casos por Covid-19, quando comparados a outros países, porém, mostram que a situação é gravíssima tanto em números relativos como absolutos. O país tem neste momento uma das maiores incidências de novas mortes por dia por milhão de habitantes, número que já considera o tamanho da população de cada país.
Na segunda-feira, essa taxa no Brasil era de 10,9, 60% acima da média da América do Sul e mais que o dobro da registrada na União Europeia. Em termos absolutos, o Brasil é líder disparado em mortes diárias.
Também na segunda-feira, 26% das pessoas que morreram no mundo com Covid-19 estavam no Brasil, ou uma a cada quatro. Foram 2.300 mortes pela média de sete dias no Brasil, mais que o dobro do segundo colocado, os Estados Unidos, com 978 óbitos. Na América Latina, há alta de novos casos e mortes, sendo o Brasil o maior responsável por essa trajetória.
Na América do Norte, há queda na incidência de mortes e casos, puxada pelos Estados Unidos, enquanto na Ásia e na África a incidência de casos e mortes permanece baixa desde meados de fevereiro, com leve alta de casos nos países asiáticos.
Na Índia, com uma população de 1,3 bilhão de pessoas, o número de contaminados chegava a 11,78 milhões, com 11,23 milhões de recuperados e 160.692 mortes. No Brasil com 210 milhões de habitantes tem mais quase 12,5 milhões de casos, 10,75 milhões de recuperados e mais de 300 mil mortes.
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