O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, fechou 2022 com uma taxa de 5,79% acumulada no ano, abaixo dos 10,06% de 2021, segundo o IBGE. Com esse resultado, a inflação acumulada durante o mandato de Jair Bolsonaro (2019–2022) ficou em 26,93%, pouco abaixo do primeiro governo de Dilma Rousseff (27,03%), segundo cálculos publicados pelo G1.
O IPCA com Bolsonaro, porém, foi marcado pela “maquiagem” dos preços dos combustíveis, energia e comunicações, devido à redução do ICMS sobre estes três itens na tentativa de reeleição, que fracassou. Sem a baixa artificial – que provocou rombo nas contas dos estados, cuja conta ficou para o atual governo Lula – Bolsonaro superaria o acumulado de 2011–2014.
A inflação acumulada de 2022 foi puxada principalmente pelos alimentos e bebidas, que tiveram alta de preços de 11,64% no ano, acima dos 7,94% de 2021.
Segundo Felipe Sichel, sócio e economista-chefe do Banco Modal, “o índice de inflação termina o ano com composição ruim”.
Analistas do Mitsubishi UFJ Financial Group, Inc (MUFG) esperam IPCA em 5,4% em 2023, ainda muito acima da meta central de 3,25%, e do teto da meta de 4,75%, com aumentos de preços espalhados por produtos e serviços. “Note que ainda não incorporamos o aumento da alíquota do ICMS sobre os combustíveis” já que “ainda não há uma definição sobre a alíquota a ser cobrada”.
O economista-chefe do Daycoval, Rafael Cardoso, avaliou o IPCA de dezembro como surpreendentemente alto e inesperado. “Nossa projeção era de 0,47%”, afirmou. Ele acrescentou que a alta foi concentrada nos bens industriais, que tiveram aumento de 1,2%, depois de ter sido quase zero no mês anterior.
“Em síntese, ainda que a composição do número não seja maravilhosa, ela mostra uma inflação de serviços um pouco mais baixa e, portanto, que os efeitos da desaceleração da atividade econômica podem estar começando a aparecer na inflação de forma insipiente – tese que teremos que confirmar nos próximos meses.”