A pouco mais de uma semana para os efeitos reais das medidas de racionamento de energia começarem a ser mensurados, o Governo FH continua em débito com a sociedade brasileira. Não bastasse a situação catastrófica a que levou o país, o tucanato continua sem informar com clareza cristalina questões básicas como a meta efetiva a ser buscada pelo racionamento imposto ao país. Trata-se de questão central. A resposta oficial limita-se a generalidades, falando em redução de 20% do consumo, o que não responde a dúvidas importantes, como se esta redução é permanente e diária, ou cheia, ou passível de ser atingida sobre o conjunto do consumo, independentemente da média diária ou de horários de pico. A população ignora ainda o prazo com que terá de conviver com o racionamento.
Além disso, o país continua credor de um plano emergente de investimentos, com a indicação das fontes dos recursos necessários, para evitar a prorrogação do racionamento nos próximos anos. Em lugar disso, o governo e seu Ministério do Apagão fornecem ao país a deprimente mistura de desorientação, arrogância e insensibilidade, características genéticas do tucano.
Terrorismo barato
A arrogância tucana parece não ter limites. Depois do pronunciamento do presidente FH, em que sequer pediu desculpas à população pelos transtornos que já está impondo aos brasileiros, o diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e genro de FH, David Zylbersztajn, ameaça, sabe-se lá baseado em que poderes, decretar apagões nas regiões em que os moradores conseguirem liminares contra as megasobretaxas sobre o consumo de energia. Se a intenção era aumentar a resistência da população ao inepto plano de racionamento, Zylbersztajn não poderia ter feito melhor.
Emprego à vista
Os bancários do Rio vão lotar a Câmara Municipal amanhã, a partir das 10 horas. A Lei 3199/01, que amplia o horário de atendimento ao público nas agências bancárias, está na pauta da Comissão de Orçamento, Finanças e Fiscalização Financeira. Isto porque termina no dia 11 de junho o prazo dado por lei aos bancos para tomarem as providências que julgam necessárias à adoção do horário de 9 horas às 17 horas, com dois turnos de trabalho, em toda as agências do município. A avaliação do vereador Edson Santos (PT), autor da lei, é de que 20 mil empregos poderão ser gerados com os dois turnos. Os bancários vão participar da audiência pública para cobrar a aplicação e fiscalização do novo horário. Já os bancos aproveitam a onda do apagão para antecipar horários de abertura e fechamento em duas horas.
Miçanga virtual
Depois da derrocada do frango como ícone da suposta democratização do consumo trazida pelo Real, o racionamento de energia ensina que, além da inadimplência recorde, a explosão das vendas de aparelhos eletroeletrônicos carecia de bases reais. É como se a Índia ampliasse o crédito para garantir fornos de microondas aos seus 700 milhões de habitantes ou algum fundamentalista chinês garantisse a entrega de um carro para cada 1,2 bilhão de habitantes de seu país.
Vade Mecum
Numa iniciativa útil e simpática, a Justiça Federal de 1ª Instância da Seção Judiciária do Estado de São Paulo está distribuindo à imprensa o livro Noções de Direito para Jornalistas – Guia Prático. São informações, de forma resumida, sobre termos e aspectos jurídicos, que ajudam na solução de dúvidas quando da elaboração de matérias relativas ao Poder Judiciário.
Apoplético
Pior do que ter o país à beira do apagão, é ter um presidente à véspera de um curto circuito.
Perfumaria
Não deixam de ser comoventes as imagens dos brasileiros, mais uma vez, revelando sua capacidade de solidariedade e disposição para apoiar projetos comuns fazendo sua parte no racionamento. No entanto, embora midiáticas, essas imagens acabam por fortalecer o caráter burlesco da cobertura da mídia. Como o consumo residencial de energia equivale a cerca de 25% do total, mesmo que as residências conseguissem zerar seus gastos com energia, os apagões só seriam evitados com uma redução drástica no já tímido ritmo de crescimento econômico.