Semana começa devagar, com várias praças asiáticas fechadas devido ao Ano Novo chinês, mas o clima altista às Bolsas segue, em meio a apostas de que o ciclo de juros está próximo do fim e de que a recessão, se ocorrer, será rasa, com os juros praticamente de lado e dólar caindo, com o Euro na máxima em 10 meses. Commodities têm dia misto, com metálicas no positivo, enquanto energia corrige. Por aqui, fim de semana tranquilo no noticiário econômico, exceto pela carta de Lula e Fernández com referência a uma moeda comum para as trocas comércio. A proposta é ruim, mas a medida não deve impactar o mercado local devido à falta de apoio dentro do meio político. Hoje, a dinâmica do Ibovespa deve ser pautada pelo movimento dos juros locais, que terão dia balizado pelas projeções de Selic e IPCA no Boletim Focus, com os investidores atentos a uma possível contaminação das expectativas pelas falas de Lula sobre a meta de inflação na semana passada.
Na Ásia, em dia sem negociações na China e em Seul, Nikkei fechou em forte alta, apoiado pelos ganhos de Nova Iorque na sexta-feira. Hoje, PMIs (de janeiro) da Austrália às 19h e do Japão às 21h30.
Na Europa, o clima positivo para ativos cíclicos leva os índices europeus a operar com leves ganhos. Kaas Knot (do DNB, o BC dos Países Baixos) disse que o Banco Central Europeu deve subir os juros em 0,5% nas reuniões de fevereiro e março. Christine Lagarde (BCE) disse que a reabertura chinesa deve elevar a inflação na Europa e que o BCE seguirá subindo os juros. Na agenda, relatório de janeiro do Bundesbank (o BC alemão) às 8h e confiança do consumidor da Zona do Euro (também deste mês) às 12h. Lagarde fala às 14h45.
Nos EUA, após fortes altas na sexta-feira, futuros operam de lado, com os investidores optando pela cautela em semana recheada de dados e resultados corporativos. Em dezembro, foram vendidos 4,02 mi (ante expectativa de 3,95 mi) imóveis usados, uma queda de 1,5% (-36,3% a/a) na margem. Em 2022, as vendas caíram 17,7%, pior resultado desde 2008. Esther George (do Fed Kansas City, não vota) disse que o Fomc terá de ser paciente para ver a inflação convergir para a meta de 2%. Patrick T. Harker (Fed Filadélfia, votante) afirmou que altas de 0,25% são apropriadas para as próximas reuniões e que o juro terminal deve ser um pouco acima de 5%. Christopher J. Waller (FRB, votante) afirmou que os juros estão próximos de suficientemente restritivos e que apoia uma alta de 0,25% na próxima reunião. Hoje, índice de atividade do Fed de Chicago (dezembro) às 10h30.
No Brasil, em dia de vencimento de opções aqui e em Nova Iorque, que teve dia de recuperação com falas de diretores do Fed, mercado local sentiu a alta as incertezas política e econômicas, em meio a especulações sobre a troca de Bruno Serra (na Política Monetária), com o Ibovespa fechando em 112.041 pontos (-0,78%), com somente petroleiras fechando em alta. Na semana, a Bolsa subiu 1,01%. Em dia de alta das taxas de juros no exterior, as incertezas sobre a política monetária do BC e uma possível revisão na meta de inflação levaram à sessão de alta na curva de DI futuro, com o vértice de janeiro de 2029 fechando acima de 13%. Em dia de leilão de linha do BC, o real descolou dos pares, penalizado pelos riscos locais, com o dólar fechando em R$ 5,21 (0,71%). Na semana, o dólar subiu 1,97%.
O componente de produção do índice de confiança indústria da CNI (Icei) recuou de 48,7 para 42,8 pontos (-0,5% a/a) em dezembro, mínima desde 2019, com o Nuci caindo para 67% (0,4% a/a). A Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) reajusta piso mínimo do frete rodoviário entre 8,35% e 13,19%. Hoje, IPC-S (do último dia 20) às 8h, boletim Focus (idem) às 8h25, sondagem da construção da CNI (de novembro) às 10h e balança comercial semana (da última sexta-feira) às 15h.
Ótima segunda-feira!
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Nicolas Borsoi
Economista-chefe da Nova Futura Investimentos
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