Após dura repressão do lado de fora, o Senado da Argentina aprovou ontem o texto da Lei de Bases, projeto que o Governo Milei considera fundamental pelo conjunto de reformas econômicas, financeiras, políticas, sociais e administrativas que abrange.
Após tumultos entre a polícia e manifestantes contrários à proposta, o debate no Senado resultou em empate de 36 votos a favor e 36 votos contra, portanto, de acordo com o regimento da Casa, a vice-presidente argentina e chefe provisória do Senado, Victoria Villarruel, teve que desempatar e votou pelo “sim”, dando um resultado final de 37 a 36. Como houve mudanças no texto, o projeto volta agora à Câmara dos Deputados, onde já havia sido aprovado no final de abril.
Entre as modificações mais importantes acordadas neste dia estão, segundo o legislador governista Bartolomé Abdala, alterações no Regime de Incentivos aos Grandes Investimentos (RIGI) e na lista de empresas estatais sujeitas a privatização, entre elas a Aerolíneas Argentinas, a Rádio e Televisão Argentina e os Correios. Além disso, foi retirado o capítulo que estabelecia mudanças na forma de acesso à aposentadoria para pessoas sem as devidas contribuições.
“O presidente tem afirmado que o Estado é uma organização criminosa, que tem um profundo desprezo pelo Estado porque ele é o inimigo. Vamos realmente dar poderes delegados a esse governo?”, disse o senador da oposição Martín Lousteau durante o debate na Câmara Alta.
Após a votação, os senadores passaram a votar cada um dos capítulos que compõem o projeto de lei.
Muitos senadores votaram a favor da lei em termos gerais, mas promoverão mudanças em alguns pontos do projeto com o qual Milei pretende conseguir investimentos para impulsionar uma economia em declínio e com inflação acima de 200% ao ano. O peronismo e outros partidos de oposição votarão majoritariamente contra.
Do lado de fora do Congresso, um protesto de sindicatos, partidos de esquerda e outros manifestantes levou a um confronto com a polícia, resultando em vários feridos, um carro queimado e 18 detenções.
“Hoje vimos duas Argentinas: uma violenta, que incendeia um carro, que atira pedras, e outra, a dos trabalhadores que estão esperando com profunda dor e sacrifício pelo voto que, em novembro do ano passado, escolheu uma mudança a ser respeitada”, disse Villarruel ao explicar seu voto a favor do projeto.
“O esforço que nós, argentinos, temos feito durante esses meses é enorme, e esperamos hoje dar um passo firme no sentido de estabelecer as bases para o progresso”, disse o senador Bartolomé Abdala, do partido pró-governo La Libertad Avanza.
Milei havia tentado aprovar, no início do ano, a lei – que então continha um pacote mais amplo de iniciativas liberais e foi rejeitado pelo Congresso -, e agora decidiu cortar o projeto.
Após os incidentes, o governo parabenizou as forças de segurança na rede social X por sua ação contra o que considerou uma tentativa de golpe de Estado.
Com informações da Agência Brasil, citando a Reuters; da Xinhua e do Brasil 247
Leia também:
Sul global tem papel decisivo na nova ordem financeira internacional
Fórum de Financiadores do Sul Global 2025 divulga consenso da comunidade financeira por inclusão e justiça
Brasil dá salto no ranking da felicidade no governo Lula
Países da Escandinávia lideram ranking da felicidade da ONU; Brasil pula do 44º para 36º lugar, enquanto EUA ficam na sua pior posição.
Comissão Europeia recebe denúncia de violação do direito nos processos de cidadania italiana
Alteração na legislação impôs nova taxa para processos judiciais de reconhecimento à dupla cidadania
UE descobre que Alphabet violou regras digitais por meio de serviços do Google
Empresa pode sofrer com multas altíssimas.
Economia da Argentina encolhe menos do que previsto
Deputados argentinos aprovam decreto do FMI mesmo sem detalhes; mercado financeiro especula desvalorização do dólar
Exportação de café atinge 50,15 milhões de sacas no acumulado de 12 meses
Receita cambial gerada somou US$ 13,48 bilhões com base no preço médio da saca exportada a US$ 268,89 no período de março de 2024 a fevereiro de 2025