Sete em 10 bares e restaurantes estão endividados

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Barzinho vazio (Foto: Tomaz Silva/ABr)
Barzinho vazio (foto de Tomaz Silva, ABr)

Pesquisa da série Covid-19, realizada pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR), em parceria com a consultoria Galunion, especializada no mercado food service, e com o Instituto Foodservice Brasil (IFB) mostra um alto nível de endividamento das empresas do setor na pandemia: 71% dos bares e restaurantes afirmam ter dívidas. Desse total, 79% devem para bancos, 54% estão com impostos em atraso e 37% têm débitos com fornecedores. A pesquisa, feita entre 9 de abril e 5 de maio, contou com 650 empresas de diversos perfis. Dos empreendimentos ouvidos, 29,2% têm dívidas totais que representam de um a dois meses de faturamento mensal médio de 2020. Mas a maioria está em pior situação: 28,1% afirmam que o endividamento representa de quatro a seis meses da receita, e 15% que sobe para 7 a 12 meses. 19,4% do total têm dívidas que representam mais de um ano de faturamento e apenas 8,3% dizem que o total é menor que um mês da receita.

Outro dado alarmante para o setor é a quantidade de bares, restaurantes e similares que afirmaram não ter mais recursos para funcionar em casos de novas restrições ou lockdown (confinamento): 66% afirmam que o capital de giro não dura mais de 30 dias. A pesquisa também apontou que desde o início da pandemia 64% promoveram demissões. Na média, 21% dos colaboradores foram desligados.

A pesquisa quis saber também como foi o faturamento do mês de março de 2021 em comparação com o mesmo mês em 2019, quando ainda não havia pandemia. 40% tiveram queda acima de 51% e outros 22% apontaram que houve diminuição de faturamento entre 26% e 50%.

O uso do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) caiu entre bares e restaurantes. Há um ano, a pesquisa apontou que 76% fizeram uso da medida que autoriza a suspensão de contratos e redução de jornadas. Hoje a adesão é de 48%. Quando perguntadas sobre quais os tipos de ajuda consideram fundamentais para enfrentar a crise, a imensa maioria das empresas (71%) apontou que que o governo deveria criar uma linha de crédito específica para o segmento, com alto prazo de carência. 57% também citaram a diminuição das taxas dos aplicativos de entrega como outro fator importante no combate à crise.

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O horário limitado de funcionamento e as restrições de vagas para clientes foram apontados por 41% como a principal dificuldade para o crescimento. 28% citaram a falta de confiança dos clientes para voltar a frequentar bares e restaurantes na pandemia como o maior obstáculo na retomada.

A pesquisa revelou também um aumento no percentual das empresas que consideram a redução do desperdício como a principal ação para aumentar as vendas – 66% em 2020 para 75% agora. O delivery também já atinge um grande número de bares e restaurantes no país: 86% afirmam ter o serviço. Entre as principais soluções utilizadas, uma delas chama a atenção: o WhatsApp. 70,5% dos entrevistados dizem utilizar o aplicativo para seus serviços de entrega.

Ainda segundo o estudo, bares e restaurantes ainda são muito cautelosos quando perguntados sobre perspectivas de faturamento do próximo trimestre. 39% afirmaram que ainda não é possível fazer qualquer tipo de previsão, mas 34% acreditam em um pequeno crescimento e outros 17%, mais otimistas, em uma expansão acentuada. Em relação aos desafios da retomada, a questão do endividamento voltou a aparecer com destaque. 70% consideram o capital de giro e as dívidas como principais desafios no ano. A rentabilidade do modelo de negócio (48%) e a mudança de hábitos do consumidor (47%) também são citadas como grandes desafios do segmento.

Já estudo da Serasa Experian, realizado em fevereiro deste ano para avaliar o impacto da pandemia nas micro, pequenas e médias empresas, revelou que 73,4% destes empreendedores vendiam ou passaram a vender produtos e serviços online no período de pandemia. Dentre eles, 83,1% pretendem continuar a aposta no ambiente digital para realizar seus negócios mesmo quando este cenário acabar. Os canais mais utilizados para esta comercialização são, principalmente, as redes sociais. Os entrevistados também buscam alternativas de vendas em sites próprios e oferta de produtos em lojas tipo marketplace (que reúnem diferentes vendedores em uma mesma plataforma digital). Questionados sobre em quais aspectos o ambiente online ajudou nas vendas, a maioria (51,0%) sinalizou que atingir públicos diferentes foi a principal, seguida por ter mais exposição (44,8%), atingir novas regiões (34,5%) e atingir o mesmo público, mas em maior quantidade (29,7%).

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