Sete em cada 10 dívidas acima de R$ 10 mil foram pagas em até 60 dias

Dados são da Serasa a respeito de setembro; Fecomércio diz que endividamento recua na capital paulista e atinge menor patamar desde agosto de 2021

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Carteira com cartões de crédito (Foto; Wilson Dias/ABr)
Carteira com cartões de crédito (Foto; Wilson Dias/ABr)

Do total de dívidas dos consumidores vencidas em setembro de 2024, 60,6% foram regularizadas em até 60 dias da negativação, ou seja, até novembro. Os dados do Indicador de Recuperação de Crédito da Serasa Experian também mostraram que as contas cujo valores eram acima de R$ 10 mil foram as mais priorizadas no período (75,6%).

“As dívidas de maior valor, como financiamentos de veículos e imóveis, costumam ser as mais onerosas e podem resultar na perda dos bens por falta de pagamento. Dessa forma, os consumidores costumam dar prioridade ao pagamento desses compromissos”, explica a economista da Serasa Experian, Camila Abdelmalack.

Segundo ela, a comparação entre setembro de 2024 com igual período de 2023 indica “uma elevação modesta na recuperação das dívidas, o que reforçaa dificuldade das pessoas em acertar suas contas diante o contexto de alta taxa de juros e aceleração da inflação alta taxa de juros e da inflação”.

O ranking por setor das dívidas revelou que bancos e cartões foi o foco dos consumidores: do total de contas vencidas nesse segmento em setembro, 70,1% foram pagas ou renegociadas em até 60 dias após o mês de referência (novembro). Securitizadoras foi o que menos recebeu pagamentos (5,9%).

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Ainda segundo o indicador, no detalhamento por unidades federativas, foi o Ceará que se destacou com 70,3% das contas no vermelho regularizadas no período. Já o Distrito Federal registrou a menor porcentagem (37,5%).

Já de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), em janeiro, o endividamento das famílias foi o menor desde agosto de 2021, mas a inadimplência segue estável na capital paulista. Atualmente, 2,74 milhões de lares estão endividados na cidade.

O percentual caiu de 68,2%, em dezembro, para 62,7%, no mês passado, revelando uma diminuição, também, no comparativo anual, quando a taxa era de 69%. Dentre os tipos de dívida, o cartão de crédito permanece em destaque: 83,1% dos entrevistados têm dívidas na modalidade. Em seguida, estão o crédito pessoal (14%), o financiamento imobiliário (13%) e os carnês (11,8%).

A pesquisa também aponta que 18,1% estão considerando contrair crédito Peic ou financiamento Peic nos próximos três meses. Esse percentual era mais elevado em novembro (quando atingiu o maior nível da série histórica, 21,2%). A redução observada agora é um reflexo da alta dos juros e da inflação dos alimentos, que têm desestimulado a aquisição desses contratos. Por outro lado, o estudo da Fecomércio-SP indica que o tempo médio de comprometimento com as dívidas aumentou para 7,6 meses. Essa subida se mostra uma tendência desde novembro, quando era de 7,3 e cresceu para 7,4, em dezembro.

O que também aumentou foi o percentual da renda comprometida com dívidas. A taxa de 29,4%, no mês anterior, subiu para 29,8%. Embora ainda esteja em um nível saudável, essa elevação sugere as pessoas estão mais dependentes do crédito para a manutenção dos gastos mensais. Entre os que recebem abaixo de 10 salários mínimos, o endividamento saiu de 68,2% para 67,2%. Já para os que ganham acima desse valor, houve recuo de 55,1% para 54,9%, no mesmo período (ambos estão abaixo do nível registrado em janeiro do ano passado).

A Peic de janeiro de 2025 revela que a inadimplência permanece na casa dos 19,6%. Apesar de o cenário não ter mudado em relação a dezembro (19,5%), o resultado representa uma leve melhora em comparação aos 21,8%, registrados no mesmo mês do ano passado. Em termos absolutos, praticamente 800 mil famílias estão inadimplentes (85 mil a menos quando comparado há um ano).

Contudo, os lares com renda inferior a 10 salários mínimos estão mais inadimplentes do que aqueles que ganham mais: o percentual subiu de 22,7% para 23,1% nesse grupo. Já entre as que recebem mais, houve recuo (de 11,5% para 10,9%). Esse movimento pode ser um reflexo da inflação dos alimentos sobre o orçamento doméstico, que atinge com maior força as classes menos favorecidas. Ainda de acordo com o levantamento, o grupo dos que afirmam que não conseguirão pagar as dívidas em atraso diminuiu em relação a janeiro de 2024, quando o percentual era de 9,7%. Atualmente, 8,7% Peic 351 mil lares, em termos absolutos Peic não poderão quitar os compromissos, uma redução de 35 mil famílias em um ano.

Na avaliação da Fecomércio-SP, os juros e a inflação devem dificultar a manutenção das contas em dia, o que pode provocar um aumento da inadimplência em médio e longo prazos. O emprego, variável que tem sustentado a renda e evitado um descontrole maior, pode desaquecer com a desaceleração da economia e o crédito mais caro. Se isso ocorrer, manter a taxa de desemprego baixa pode não ser o suficiente para conter o aumento dessa inadimplência.

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