Setor de cultura e entretenimento pode entrar em colapso com pandemia

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O forte impacto da pandemia de coronavírus (COVID-19) no setor de cultura e entretenimento pode gerar um cenário negativo de prejuízos e demissões. Isso é o que aponta pesquisa elaborada pela associação brasileira dos promotores de eventos (Abrape), entidade que representa produtoras e promotoras no país e tem 200 associados. Os resultados preocupantes inspiraram a entidade a iniciar uma campanha para que as pessoas não solicitem o estorno de pagamentos de ingressos. Um plano de ação também está em andamento para sensibilizar o Governo Federal sobre a necessidade de medidas urgentes para evitar o colapso do segmento.

De acordo com o estudo da entidade, 51,9% dos eventos programados para 2020 foram cancelados, adiados ou estão em situação incerta. Outro dado relevante aponta que 92% das empresas já sentem ‘no bolso’ o impacto e somam perdas que podem chegar a R$ 290 milhões, considerando-se apenas o universo das associadas ou cerca de R$ 90 bilhões se estimarmos a indústria nacional.

"Esse novo cenário, que a cadeia produtiva do setor de entretenimento está experimentando amargamente, é algo sem precedentes. Estamos falando de aproximadamente 300 mil eventos que deixarão de acontecer e milhares de empresas que apresentarão prejuízos financeiros", ressalta o presidente da Abrape, Doreni Caramori.

Diferente de outros mercados (menos) atingidos pela crise, o do entretenimento vive de capital de giro, teve as receitas reduzidas a zero, foi o primeiro a parar de operar e, certamente, será o último nas prioridades de liberação após a quarentena.

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A estagnação da cultura e do entretenimento, em decorrência das medidas de combate ao coronavírus, não só congelaram o setor como também jogaram um enorme "balde de água fria" nas boas perspectivas dos empresários, que apostavam em receitas 6,15% maiores em 2020, mesmo com a crise econômica que o país já vinha enfrentando.

Demissões

Os associados da Abrape empregam hoje em torno de de 211 mil profissionais diretos. E cada uma dessas ocupações formais geram outros 32 postos de trabalho indiretos para artistas, freelancers e Microempreendedores Individuais (MEI). Um ecossistema que, de acordo com os dados da Associação, vai ser prejudicado exponencialmente, pois 61% dos produtores não terão como manter o quadro atual de colaboradores.

A pesquisa, segundo Doreni, mostra ainda a extensão e a gravidade da crise na empregabilidade. Os números indicam uma estimativa de demissões de 30% dos colaboradores diretos do setor de eventos. "Se considerarmos a população total de trabalhadores, algo em torno de 1,9 milhões de empregos, estamos falando em 580 mil demissões previstas", destaca.

De acordo com Doreni, além de sensibilizar os consumidores sobre a importância da não devolução dos valores de ingressos comprados, a Abrape trabalha objetivando levar às autoridades os pleitos mais latentes do mercado e assim tentar amenizar a crise instalada.

Doreni afirma que entre as propostas que já estão sendo debatidas, destaque para a tentativa de regulamentação de regime temporário extraordinário simplificado para a suspensão de trabalho por falta de recursos financeiros (lay off) às empresas que apresentem uma queda de receita igual ou maior do que 30%.

A Associação também está pleiteando carência de 180 dias para os tributos que estão sendo pagos (ou parcelados) oriundos de acordos pregressos. E a criação, junto ao sistema financeiro oficial, de linhas de créditos para concessão de capital de giro, com carências, prazo dilatado e condições subsidiadas, como forma de suprir o fluxo de caixa necessário aos cancelamentos/transferências de eventos.

Doreni ressalta que uma das pautas mais importantes é a possibilidade de isenção fiscal de impostos a partir da retomada dos trabalhos. "Já está em tramitação na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 676/20, que busca, justamente, alíquota zero para as atividades de aviação, turismo e entretenimento por 12 meses". O projeto, de autoria do deputado Felipe Carreras (PSB-PE), prevê a isenção de PIS/Cofins; Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e Imposto sobre Serviços (ISS).

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