Setor externo responde por crescimento econômico em 2023

Já a demanda interna foi puxada principalmente pelo aumento de 3,1% do consumo das famílias. "Em 2023, continuamos com melhora no mercado

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Contêineres no porto (Foto: Tânia Rêgo/ABr)
Contêineres no porto (Foto: Tânia Rêgo/ABr)

O setor externo foi responsável por dois terços do crescimento econômico de registrado em 2023, enquanto a demanda interna respondeu pelo restante. Da alta de 2,9% observada no ano passado, 2 pontos percentuais foram puxados pelo comércio com outros países, enquanto 0,9 ponto percentual saiu de consumidores e setor produtivo brasileiros.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as exportações brasileiras cresceram 9,1%, puxadas pela desvalorização do real ante o dólar e pela alta do preço das commodities no mercado internacional, que favoreceram os setores da agropecuária e do extrativismo mineral.

“A agropecuária também depende muito do clima. No ano passado, tivemos condições climáticas muito boas. E a gente tem bastante investimento nessa área”, explicou a pesquisadora do IBGE Rebeca Palis. “Há bastante tempo nossa pauta exportadora é muito baseada em commodities. Então tanto a produção da agro, principalmente milho e soja, quanto a parte extrativa foram muito exportadas”.

O que também contribuiu para o bom desempenho do setor externo foi a queda de 1,2% das importações, o que favorece positivamente o cálculo do PIB.

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Já a demanda interna foi puxada principalmente pelo aumento de 3,1% do consumo das famílias. “Em 2023, continuamos com melhora no mercado de trabalho, crescimento da massa salarial real, aliado a medidas governamentais, ou seja, os programas de transferência de renda às famílias. Além disso, tivemos um arrefecimento importante da inflação média, que em 2023 ficou em 4,6%, contra 9,3% do ano de 2022”, destacou Rebeca.

O consumo das famílias poderia ter crescido ainda mais se não fossem o elevado grau de endividamento dessas pessoas e o patamar da taxa básica de juros, a Selic, que ficou em média em 13% em 2023, acima dos 12,4% de 2022.

O consumo do governo cresceu 1,7% em 2023 e atingiu o maior patamar da série histórica do PIB, iniciada em 1996. Por outro lado, a formação bruta de capital fixo (investimentos) teve uma queda de 3% no ano, devido ao desempenho negativo dos investimentos em construção (-0,2%) e em máquinas e equipamentos (-9,4%).

Pelo lado do setor produtivo, a principal contribuição para o PIB nacional veio da agropecuária, que cresceu 15,1%, a maior variação desde 1996. A segunda atividade de maior impacto no PIB de 2023 foi a indústria extrativa mineral, com alta de 8,7%, principalmente devido ao desempenho do setor petrolífero.

Também houve destaque para o setor de eletricidade, água, gás e esgoto, que avançou 6,5%. Junto com o extrativismo mineral, este segmento sustentou o crescimento de 1,6% do setor industrial brasileiro, já que tanto a indústria da transformação quanto a construção tiveram quedas, de 1,3% e 0,5%, respectivamente.

Os serviços apresentaram crescimento médio de 2,4%, puxado principalmente pelas atividades financeiras, de seguros e de serviços relacionados (com alta de 6,6%). Os demais segmentos dos serviços apresentaram altas entre 0,6% (comércio) e 3% (atividades imobiliárias).

O PIB per capita cresceu 2,2% em 2023, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE.

O crescimento de 2,9% no PIB, em 2023, que colocou a economia brasileira em seu maior patamar desde o início da série histórica (em 1996), pode ser explicado pelo desempenho do país no primeiro semestre, com altas de 1,3% no primeiro trimestre e 0,8% no segundo trimestre, em relação aos trimestres anteriores. No segundo semestre, o Produto Interno Bruto manteve-se estável, sem altas ou quedas nos terceiro e quarto trimestres.

No último ano, as exportações brasileiras de produtos agrícolas foram impulsionadas com a criação do serviço especializado para certificação sanitária de produtos agrícolas brasileiros.

A execução dos novos procedimentos de controle e monitoramento é feita pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal da Secretaria de Defesa Agropecuária e possibilitou o governo atestar requisitos de segurança de alimento via certificação sanitária para a China, Marrocos e países-membros do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG): Arábia Saudita, Bahrein, Kuwait, Omã, Catar e Emirados Árabes Unidos.

Para os países árabes membros do CCG, por exemplo, foram exportadas 270 toneladas de castanhas, nozes e amêndoas em 2023. Dentre os produtos exportados, destacaram-se a castanha de caju para Omã (32 toneladas), a castanha do Brasil (16 toneladas) e noz-pecã (18 toneladas) para a Arábia Saudita, assim como o envio de óleo de coco para os Emirados Árabes Unidos.

Entre as exportações realizadas, destaca-se para a Indonésia 10,6 mil toneladas de café em grão, representando aumento de aproximadamente 100% em relação ao ano anterior; e para Marrocos 7,3 mil toneladas de pimenta do reino – representando crescimento de 30% – e 16 mil toneladas de óleo de soja bruto, sendo a primeira oportunidade em que este produto é embarcado para o mercado marroquino.

Outro mercado alcançado foi o de polpa cítrica peletizada para a China. Com o acordo bilateral firmado entre o Mapa e a autoridade aduaneira da China (GACC), foram embarcadas 48 mil toneladas do produto em 2023. Essa foi a primeira vez na história das relações comerciais brasileiras que este produto foi embarcado para este destino.

Com informações da Agência Brasil

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