Shutdown dos EUA: “Não serei extorquido pelos democratas”

A paralisação em curso do governo dos EUA pode custar à economia americana entre 7 e 14 bilhões de dólares

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Um aviso de fechamento é visto em frente à Galeria Nacional de Arte em Washington, D.C., Estados Unidos, em 5 de outubro de 2025.
Um aviso de fechamento é visto em frente à Galeria Nacional de Arte em Washington, D.C., Estados Unidos, em 5 de outubro de 2025. (Xinhua/Li Rui)

A paralisação do governo dos Estados Unidos, que já dura 34 dias, está prestes a se tornar a mais longa da história do país. O impasse entre democratas e republicanos sobre o financiamento de programas federais ameaça causar prejuízos bilionários à economia e deixar milhões de americanos sem assistência.

De acordo com o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), o bloqueio das atividades pode custar entre 7 e 14 bilhões de dólares, dependendo de quanto tempo durar.

Trump rejeita acordo

Sem demonstrar disposição para negociar, o presidente Donald Trump afirmou que “não será extorquido” pelos democratas para estender os subsídios da Lei de Acesso à Saúde (Affordable Care Act) antes de reabrir o governo.

“Isso vai ser resolvido. Eventualmente, eles terão que votar”, declarou em entrevista ao programa 60 Minutes, da CBS. “E se eles não votarem, o problema é deles.”

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A paralisação teve início em 1º de outubro, após o fracasso nas negociações sobre o orçamento. Desde então, milhares de funcionários federais, incluindo controladores de tráfego aéreo, estão sem receber salários.

Falta de controladores afeta milhões de passageiros

A crise já causou transtornos em todo o país. Segundo a associação Airlines for America, mais de 3,2 milhões de passageiros tiveram voos atrasados ou cancelados desde o início da paralisação, informou a Reuters.

A mesma agência relatou que 13 mil controladores de tráfego aéreo e 50 mil agentes da Administração de Segurança de Transporte (TSA) continuam trabalhando sem remuneração, o que levou à interrupção de dezenas de milhares de voos.

O secretário de Transportes, Sean Duffy, declarou à CNBC que as autoridades “fechariam todo o espaço aéreo se considerassem a situação insegura”.

Turismo já perdeu US$ 4 bilhões

A Associação de Viagens dos EUA alertou que “a economia do turismo americano já perdeu mais de 4 bilhões de dólares devido à paralisação”. Em carta enviada a parlamentares, o grupo e centenas de empresas do setor pediram a aprovação imediata de uma resolução provisória para reabrir o governo.

Com o Dia de Ação de Graças — o período de viagens mais movimentado do ano — se aproximando, as consequências de uma paralisação prolongada serão imediatas, profundamente sentidas por milhões de viajantes e economicamente devastadoras para comunidades em todos os estados

dizia o texto.

Programas de assistência alimentar estão em risco

A paralisação também ameaça os 42 milhões de americanos que dependem de auxílio alimentar federal. O líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, acusou o governo Trump e os republicanos de “instrumentalizar a fome” ao reter recursos destinados a crianças, idosos, veteranos e mulheres.

Em resposta, o governo afirmou que financiará parcialmente o Programa de Assistência Nutricional Suplementar (SNAP) em novembro, após decisões judiciais obrigarem a manutenção do programa. O Departamento de Agricultura informou que 4,65 bilhões de dólares de um fundo de contingência serão utilizados para cobrir cerca de 50% dos benefícios do mês.

Senado tenta acordo para evitar colapso

Os senadores democratas votaram 13 vezes contra o projeto de lei provisório apresentado pelos republicanos, que prorrogaria o financiamento do governo até 21 de novembro. Eles insistem que Trump e sua base negociem antes de qualquer aprovação.

O líder da maioria no Senado, John Thune, disse estar “otimista” quanto à reabertura do governo ainda nesta semana. “Com base na minha intuição sobre como essas coisas funcionam, acho que estamos nos aproximando de uma saída”, afirmou.
Ele ponderou, no entanto, que “se não houver progresso até o meio da semana, será difícil concluir qualquer coisa até o final dela”.

Paralisação de 2018 custou US$ 3 bilhões

A paralisação mais longa da história dos EUA ocorreu durante o primeiro mandato de Trump, entre 22 de dezembro de 2018 e 25 de janeiro de 2019, quando os democratas se recusaram a apoiar o financiamento do muro na fronteira com o México.

Segundo o CBO, o impasse de 35 dias custou à economia americana 3 bilhões de dólares em atividade perdida — valor que nunca foi recuperado.

Fonte: Agência Xinhua

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