Sinastrias em vinhos para Aquário

Um esforço para arrebatar o paladar singular do desapegado aquariano

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Mulher bebendo com garrafa de vinho na mão
Moça com garrafa de vinho (foto Unsplash)


Chegamos ao período do signo de Aquário, que vai de 21 de janeiro a 19 de fevereiro, quase completando o ciclo zodiacal. Aquário é um signo que nos remete à anunciada “Era de Aquário – tema já muito difundido culturalmente. Pensava-se que esta Era viria com a virada do século 20-21, trazendo consigo grandes transformações, mas os astrólogos contestaram essa versão, informando que o momento davirada ainda está por vir, a partir de 2700. 

Sem entrar nas considerações do que define esses períodos, o que importa aqui é dizer que havia uma expectativa positiva de estar numa “vibe aquariana” e isso se deve à ideia de que este é o signo mais livre e revolucionário do zodíaco. Liberdade é um conceito muitas vezes associado a individualismo, mas ele é tratado em Aquário como tendo umcaráter mais desprendido, humanitário e até utópico. A liberdade se realizaria efetivamente pela conciliação deaspirações individuais e coletivas.

Isso já denuncia o perfil intelectual do aquariano, um signo que questiona, contesta o status quo vigente e acredita que, movidos pela racionalidade idealista, possamos dominar aspectos instintivos menores para pensar em modelos mais harmônicos universais. Isso muitas vezes significa pensar“fora da caixinha”, livre de preconcepções. 

Os vinhos que considerei de perfis mais aquarianos no Zodíaco dos Vinhos contemplam em certa medida a acidez (traço do elemento Ar), mas, especialmente, a singularidade: nada de fama, modismo, tradição, rotatividade comercial, a menos que estejam conjugados com a ousadia e a capacidade de nos surpreender. Em primeiro lugar, os próprios vinhos aquarianos agradariam os seus nativos. Além deles, pelo conceito de sinastria, o que será que o aquariano gostaria de beber? 

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Como se trata de um signo intelectualizado, de pessoas muito afirmativas em suas opiniões e preferências, as compatibilidades também devem passar por esse crivo de originalidade e independência. Os textos de sinastria mostram que as combinações com signos de Terra e Ar são difíceis, porque, no primeiro caso, entram em conflito com a independência aquariana e, no segundo, a sintonia fica muito no plano mental. Então, nativos de Fogo e Água poderiam provocar mais a sensorialidade de Aquário. Assim, escolhi como melhores sinastrias os vinhos do seu signo complementar, Leão, e do signo que lhe sucede no ciclo, Peixes. 

A relação com Leão é vista como complementar, mas conflitante. Leão quer mais atenção do que o aquariano dá e se importa menos com o mundo do que Aquário deseja. Mas talvez seja suficientemente iluminado para hipnotizá-lo! É isso que o vinho clássico leonino deve fazer: atraí-lo pela sensual trama de cor, estrutura e complexidade aromática. A uva é a Syrah, hoje uma das vedetes mundiais. Na sua origem, Vale do Rhône, faz belíssimos vinhos, de estrutura, elegância e que ganham complexidade ao longo dos anos. Na Austrália, fez sucesso com uma versão mais encorpada e robusta, assinada como Shiraz. No mundo todo, ambas as versões ganham adeptos, mas eu creio que a versão francesa – mais discreta, com boa acidez, seja mais inspiradora para o paladar aquariano.

Pessoas bebendo com garrafas de vinho à mesa, vista de cima

A outra sinastria, com Peixes, não é vista como muito ideal, mas possível. A escolha aqui parte da visão de que a energia do elemento Água pode trazer relaxamento, conforto para pessoas muito mentais. Peixes, em se tratando de um signo do fim do ciclo zodiacal, está associado a uma visão de mundo universal e inclusiva, assim como Aquário, embora com uma essência distinta – mais contemplativa, calma e intuitiva. Como falamos de vinhos, se no caso do vinho leonino, o objetivo era o arrebatamento eruptivo, agora, o vinho pisciano deve trazer calma e aconchego. A escolha é pela uva do primeiro decanato de Peixes, mais próxima dos nativos de Aquário. 

Os vinhos são da uva Sémillon, muito nobre, embora pouco popular. Trata-se de uma cepa branca, originária da região de Bordeaux, na França, onde faz parte do corte de seus vinhos brancos, em companhia da Sauvignon Blanc, especialmente. É uma uva com capacidade de concentrar muito açúcar e gerar vinhos brancos mais encorpados ou doces. Em combinação com a Sauvignon, que tem mais acidez, equilibra o corte com novos aromas e mais estrutura. 

Já nos vinhos doces, é a grande estrela dos cortes e muito responsável pela excelência dos vinhos de sobremesa do sul de Bordeaux, onde seus bagos são acometidos da chamada “podridão nobre”: uma desidratação natural, provocada pela ação do fungo Botrytis Cinerea, que valoriza dulçor e aromas de frutos secos, especiarias e mel. Coincidentemente, assimcomo a Syrah, a Sémillon também se destaca na Austrália, onde faz poucos, mas surpreendentes vinhos secos, de acidez vibrante, no Hunter Valley. Um vinho original desta casta, que pode atiçar bastante a curiosidade aquariana.

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