Vamos ao artigo do mês sobre sinastria. O signo vigente neste período é Virgem, com início em 23 de agosto e término em 22 de setembro. Pensar em sinastria para um virginiano é levemente desafiador, pois apesar de ser portador de uma definição um tanto “angelical e pudica”, este é um signo com certa fama de “mau”.
Todos os signos apresentam alguns estigmas e, no caso de Virgem, o ponto polêmico se dá em torno de seu perfeccionismo crítico. Sua imagem é de alguém difícil de agradar, ultra exigente consigo e com os demais. E, como falamos de conexões afetivas, muitas análises de sinastria para Virgem entendem que não seria tão fácil assim arrebatar os seus nativos.
Mas o nosso objetivo aqui é de falar das conexões com vinhos e vamos começar então por certas definições do virginiano, recapitulando o que foi visto no Zodíaco dos Vinhos para este signo. Virgem é um signo de elemento Terra e que tem como planeta regente Mercúrio. Se, por um lado, tem uma energia mais estática, pé no chão, o seu planeta é associado à atividade mental e à comunicação. Isso faz dele um signo que combina intelecto, inventividade com metodologia e pragmatismo.
Os vinhos que sugeri como “virginianos”, ou seja, que se parecem com seus nativos, apresentaram esse caráter híbrido de vinhos com certa fluidez e elegância, mas que demandam uma sistematização mais preciosista do produtor. Agora o objetivo é encontrar vinhos que não tenham necessariamente a mesma essência, mas que possam oferecer um contraponto à rigidez virginiana, mantendo certo brilhantismo produtivo, já que se trata de alguém exigente.
Sendo assim, após verificar as compatibilidades apontadas pelos textos de sinastria astrológica, achei interessante escolher dois signos: um regido por Água, elemento que traz plasticidade e emoção aos seus nativos, e outro regido por Terra, elemento mais identificado com a fixidez e concretude virginiana.
O primeiro é Peixes, considerado o signo oposto a Virgem, sempre uma possibilidade de complementaridade relacional. Eis aqui um exemplo radical de oposição: realidade x fantasia; racionalidade x sensibilidade; pragmatismo x romantismo e por aí vai. A ideia é sacudir as emoções do virginiano.
Os vinhos que escolhi para Peixes eram pautados pela suavidade, pelo perfil mais acolhedor, sem arestas, mais redondos e adocicados. Dentre eles, apostarei no clássico pisciano para transportar o virginiano para o mundo dos sonhos. Trata-se do Amarone della Valpolicella, um dos vinhos tintos italianos mais aclamados, produzidos na região do Veneto, próximo de Verona, na Itália. É elaborado a partir de uvas desidratadas depois de colhidas, para concentrar açúcar e aromas. O resultado é um vinho encorpado, intenso, arrebatador! Chamado de “vinho de meditação”, ele deve ser degustado com calma e esta imersão na complexidade parece bem adequada ao concentrado virginiano.
A segunda sinastria é com Touro, um signo também de Terra (como Virgem), mas combinado ao planeta Vênus, que traz à tona a simbologia de Afrodite, deusa do amor e da beleza para a mitologia grega. O taurino é um terráqueo mais emocional do que o virginiano. Trata-se de um signo que provoca o desejo, o interesse pelo sexo e pela boa mesa.
Dentre os três vinhos taurinos indicados pelo Zodíaco, escolhi aquele que difere mais da possibilidade de sinastria pisciana. Aqui a união se faz mais pela afinidade e o vinho escolhido é o do terceiro decanato de Touro. Cabernet Franc é a uva, casta tinta nobre do sudoeste da França. Apesar de sua importância ser meio ofuscada pelas outras cepas do corte de Bordeaux, tem grande valor junto aos degustadores mais especializados. Vinificada solo, oscila de peso, entre um perfil mais robusto, de Saint Emilion ou de lugares quentes da América do Sul e o menos encorpado, do Vale do Loire, com boa acidez, taninos delicados e certo requinte, que certamente deve atrair o virginiano.
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