Milhares de pessoas estão sendo libertadas de prisões sírias depois de os rebeldes terem tomado o controle de várias cidades no fim de semana, incluindo a capital, Damasco, forçando o presidente Bashar al-Assad a fugir do país. As informações são da RTP, replicadas pela Agência Brasil.
Segundo a publicação, as principais cadeias do país receberam mais de 100 mil prisioneiros ao longo de 14 anos de guerra civil. Agora, surgem relatos de pessoas detidas em celas subterrâneas escondidas, incluindo mulheres e crianças.
Vídeos divulgados nas redes sociais mostram homens correndo para o exterior das prisões, confusos sobre os motivos pelos quais estavam sendo libertados e gritando “Deus é grande”. Alguns foram recebidos por membros da família em lágrimas, que até agora não sabiam se os homens estavam vivos. Outros estavam detidos há tantos anos que não sabiam que Bashar al-Assad tinha sucedido ao seu pai, Hafez, que morreu em 2000.
No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baath foi, para muitos sírios, símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, por meio de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer.
Rússia e China manifestaram preocupação pelo fim do regime, enquanto a maioria dos países ocidentais e árabes se mostrou satisfeita por Damasco deixar de estar nas mãos do clã Assad.
Em outros vídeos, os rebeldes abrem as portas das celas em que se encontram dezenas de mulheres e pelo menos uma criança, dizendo-lhes para não terem medo e libertando-as. “Assad caiu. Não temam”, afirma um homem numa das gravações.
A organização de defesa civil conhecida como Capacetes Brancos disse que investiga relatos de prisioneiros libertados de Saydnaya – principal prisão do país -, segundo os quais há outras pessoas detidas em celas subterrâneas escondidas.
“Os Capacetes Brancos enviaram cinco equipes de emergência especializadas para a prisão de Saydnaya a fim de investigar celas subterrâneas escondidas que, segundo os sobreviventes, alojam detidos”, anunciou o grupo na rede social X.
“As equipes são constituídas por unidades de busca e salvamento, especialistas em arrombamento de paredes, de abertura de portas de ferro, unidades caninas treinadas e pessoal médico. Elas são bem treinadas e equipadas para gerir operações complexas”, acrescentou.
As forças rebeldes avançaram de cidade em cidade ao longo da Síria, libertando prisioneiros das cadeias do governo durante o caminho. O movimento de libertação ocorre depois de, no sábado, os rebeldes sírios terem tomado o controle de Damasco, levando à fuga do presidente Bashar al-Assad.
“O tirano Bashar al-Assad fugiu, proclamamos a cidade de Damasco livre”, anunciou a coligação de grupos rebeldes em mensagens divulgadas na plataforma Telegram.
“Depois de 50 anos de opressão sob o poder do Partido Baath, e 13 anos de crimes, tirania e deslocamentos forçados, anunciamos o fim deste período negro e o início de nova era para a Síria”, afirmou.
Esses grupos lançaram uma ofensiva relâmpago na Síria em 27 de novembro. Vários territórios e principais cidades foram rapidamente tomadas, com pouca resistência por parte do Exército sírio.
Enquanto o Irã e a Rússia revelaram desânimo com os acontecimentos na Síria, várias nações do Ocidente demonstraram satisfação pela queda do regime, mas também precaução face à incerteza do rumo político no país.
Ainda segundo a Agência Brasil, Assad e sua família chegaram à Rússia e receberam asilo das autoridades, informaram agências de notícias russas, citando uma fonte do Kremlin. A agência de notícias Interfax citou a fonte não identificada como tendo dito: “O presidente Assad da Síria chegou a Moscou. A Rússia concedeu a eles (ele e sua família) asilo por motivos humanitários”.
Os militantes sírios Hayat Tahrir al-Sham (HTS) ganharam controle total da província de Latakia, onde as bases russas estão estacionadas, informou a agência de notícias TASS na segunda-feira, citando fontes locais.
Os militantes não penetraram nas bases russas de Tartus e Hmeimim na área, e as bases continuam operando normalmente, disseram as fontes.
No Irã, o chefe da diplomacia do país, Abbas Araghchi, admitiu que o chamado Eixo da Resistência, a aliança anti-Israel liderada por Teerã, será afetado pela queda de Assad.
“É natural que a frente de resistência seja afetada”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, em entrevista transmitida pela televisão ontem à noite.
O Eixo da Resistência inclui o movimento islâmico palestino Hamas, o grupo xiíta libanês Hezbollah, os rebeldes houthis, do Iêmen, e milícias no Iraque e na Síria.
O chefe da diplomacia iraniana reconheceu que a Síria era um dos membros mais importantes da aliança e “tem desempenhado papel significativo no confronto com Israel e no apoio aos palestinos”.
O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, fará na quarta-feira discurso sobre os “acontecimentos recentes na região” após a queda de Assad. Khamenei falará sobre os acontecimentos recentes na região, informou uma das contas nas redes sociais da mais alta autoridade religiosa e política do país persa. A última vez que Khamenei fez um discurso desse tipo foi no início de outubro, para marcar a morte do líder da milícia libanesa Hezbollah, Hasan Nasrallah.
Com informações da Agência Brasil, citando a Reuters, a Lusa e a RTP; e da Agência Xinhua
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