Skaf: elevação dos juros pode prejudicar retomada econômica

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Paulo Skaf (foto divulgação Fiesp)
Paulo Skaf (foto divulgação Fiesp)

O Comitê de Política Monetária (Copom) definiu a nova taxa Selic em 3,5%, um aumento de 0,75 ponto percentual com relação ao patamar anterior.

Segundo Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), “Há vários indicadores positivos que mostram uma recuperação econômica em curso e setores, como a indústria, que já retomaram o nível de atividade pré-pandemia. No entanto, há segmentos que ainda estão muito vulneráveis, como o de serviços, sobretudo por conta da nova onda de medidas restritivas decretadas em vários estados.”

Skaf diz que a subida de juros promovida pelo Banco Central eleva a incerteza e pode intensificar os impactos negativos do fechamento de atividades econômicas, além de prejudicar a retomada do emprego verificada nos últimos meses.

Já para Felipe Sichel, estrategista-chefe do Banco Digital Modalmais, o comunicado do BC reforça a projeção de uma elevação na mesma magnitude na próxima reunião e altera a parte que qualifica o ajuste da Selic como parcial. Apesar de mantido, o refraseamento indica mais graus de liberdade da autoridade monetária em torno deste norte.

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“Para a próxima reunião, esperamos elevação da taxa Selic de 0,75%. Mantemos a projeção de que os juros básicos cheguem a 5% este ano e 6,5% no ano que vem. Aguardamos agora a ata de terça-feira para maiores informações sobre o debate no Copom. Ainda assim, o conjunto de expectativas de inflação no horizonte relevante abaixo da meta com Selic a 5,5%, a perspectiva de que o Copom já leva em consideração pressões pelo lado dos preços administrados e também as surpresas positivas além de outras alterações no comunicado dão uma impressão marginalmente mais dovish que nossa expectativa. O Comitê mantém a descrição sobre o cenário externo praticamente inalterado, reforçando a perspectiva de recuperação mais robusta por conta de avanço na vacinação e estímulos fiscais. Destaca-se como antes os riscos para as economias emergentes decorrentes da reprecificação dos riscos inflacionários.”

Ainda segundo ele, sobre a atividade, o Banco Central reconhece que os últimos dados mostram um quadro mais dinamismos, apesar da segunda onda também ser mais intensa do que o projetado. No entanto, ressalta também que há incerteza em relação ao cenário prospectivo apesar da retomada dar normalidade.

“As projeções no cenário básico, com trajetória Focus para juros e câmbio saindo de R$ 5,40 = US$ 1 indicam inflação de 2021 em 5,1% (anterior: 5%) e 3,4% em 2022 (anterior: 3,5%). A projeção para preços administrados neste cenário é de 8,4% este ano (anterior: 9,5%) e 5% ano que vem (4,4% anterior). As expectativas de inflação indicam que, com a trajetória de juros extraída do Boletim Focus (2021: 5,5%; 2022: 6,25%), a inflação do ano que vem ficaria abaixo da meta, sendo assim uma indicação relevante. Destaca-se também que o BC segue contemplando pressão inflacionária no curto prazo por conta de administrados, mas a descrição do choque permanece como temporário.”

Felipe Sichel diz que “altera-se também a parte da inflação subjacente para descrever que não estão mais acima da meta, mas sim no topo do intervalo compatível com a meta. Em relação aos riscos, não há alteração significativa a não ser a ponderação sobre novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia”.

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