Sob vigilância

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Com o estouro da crise, dez governos já foram apeados do poder na Europa, nos últimos dois anos. Apesar da alta rotatividade, as políticas das administrações derrotadas foram mantidas e, não raro, aprofundadas pelos sucessores beneficiados pela impopularidade justamente por essas propostas. Por isso, na França, apesar da impopularidade do presidente Nicolas Sarkozy, a parada não está totalmente definida a favor de François Hollande, cujo Partido Socialista (PS), apesar do nome, quando no poder, aplicou política neoliberais. Assim, o apoio dos eleitores do candidato da Frente de Esquerda, Jean-Luc Mélenchon, a Hollande deve ser bastante crítico. Como disse o psicanalista e cineasta Gérard Miller, ao declarar seu voto a Mélenchon e comparar os integrantes do PS a crianças que precisam ser vigiadas: “Quando não tem ninguém mais à esquerda deles, acabam indo na direção da direita.”

Prioridade retórica
A aprovação da política de cotas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) confirma que, nas principais áreas decisórias tupiniquins, o foco é no ingresso e não nas razões da vergonhosa qualidade do ensino no país, principalmente, no fundamental. Aparentemente desconhecendo que o conhecimento é processo cumulativo, Executivo, Legislativo e Judiciário, ao mesmo tempo, em que fazem vista grossa à calamidade que predomina no primeiro contato dos brasileiros com a escola, gastam a maior parte da suas energias para melhorar estatísticas dos ingressantes no ensino superior.
Assim, tem-se a contradição de a nação que inventou o analfabeto funcional criar artifícios para garantir a quem não foi ensinado ler, escrever ou operações básicas de matemática seu diploma universitário. E, nos casos em que isso era desnecessário, reforçar o jogo de soma zero, descolando para as universidade$ privada$ candidatos caroneados pelos que obedecem a critérios raciais, sociais ou esotéricos, forjados, em geral, a partir de concepções não brasileiras. Apesar do discurso recorrente de que, com as cotas, “os filhos dos pobres ocupariam as vagas dos ricos”, todo brasileiro que não perdeu o contato vital com a realidade sabe que os filhos da elite nacional, há muito, fazem suas graduações e pós-graduações no exterior, onde, também, passam por processos de ressocialização para manter um crescente distanciamento do Brasil real.
No discurso, todos os envolvidos, no entanto, apontam a educação como a prioridade número um do Brasil Ao se tentar dar consequência prática a essa declaração coletiva de princípios, porém, começam os problemas. Quem propõe elevar o orçamento do setor para 10% do PIB, ouve que “não existe dinheiro”. Se sugere que apenas parte das verbas desviadas para a gastança com juros (superávit primário), estimada em cerca de R$ 80 bilhões para 2012, seja repassada para a educação, escuta que isso seria “irresponsabilidade fiscal”. Ou seja, a exemplo, de várias outras prioridades nacionais, como a saúde e a reforma agrária, a educação continua a ser fundamental na retórica, mas desde que não se passe à prática, nem muito menos venha a disputar verbas com outras prioridades verdadeiramente prioritárias, como o Bolsa Juros, que, apenas no primeiro ano do governo Dilma, foi contemplado com cerca de R$ 210 bilhões. E, neste caso, ninguém alegou que não existiria verba…

LED
Com formação em engenharia e marketing, Everton Mello vai substituir Roger Michaelis como o novo CEO da Osram no Brasil, numa mudança gradual, que terá início no próximo mês. Um dos seus maiores desafios será a transição para a tecnologia de luz digital (LED). Na Osram desde 1990, Mello tem passagem pela gerência de marketing à frente da divisão principal de produtos no Brasil, tendo atuado em cinco outros países.

Respiro
A Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) parabenizou o Senado pela aprovação do substitutivo da Comissão de Assuntos Econômico(CAE) do Projeto de Resolução da Casa que unifica em 4% as alíquotas interestaduais do ICMS, a partir de 1º de janeiro de 2013. “Era inaceitável continuar com a guerra dos portos”, destacou o presidente da Abit, Aguinaldo Diniz Filho, observando que, em 2011, os estados que ofereceram benefícios fiscais responderam por 62% do volume de importações de têxteis e confeccionados, totalizando US$ 3,5 bilhões.

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