O primeiro levantamento da Datagro para a safra brasileira 2022/23 de soja, com o plantio em andamento, confirma, no geral, a estimativa sobre a intenção de plantio divulgada em julho.
Em relação à área, projeta-se 43,48 milhões de hectares, elevação de 460 mil ha em comparação com a previsão divulgada há três meses.
“Dessa maneira, não há quaisquer dúvidas de que o produtor brasileiro irá aumentar o plantio de soja no país pelo 16º ano consecutivo, e de forma expressiva, em linha com o observado em 2020 e 2021”, ressalta Flávio Roberto de França Junior, economista e líder de pesquisa da Datagro Grãos.
A produção potencial é de 152,58 milhões de toneladas, um pouco mais do que as 151,82 mi de T projetadas em julho. Em caso de confirmação, esse volume médio seria 21% superior aos 126,58 mi de T da prejudicada safra colhida neste ano, mas destaca-se a preocupação com o clima para a região Centro-Sul em tempos de La Niña.
Por outro lado, a análise da Datagro mostra que a área de milho na safra de verão deve cair no Brasil em 2022/23, depois do bom aumento ocorrido no último ano. Projeta-se 4,54 mi de ha nesta temporada, ante 4,61 mi de ha em 2021/22.
Prevê-se 3,06 mi de hectares no Centro-Sul do país – 2% inferior aos 3,12 mi de ha do ano atual. Nas regiões Norte e Nordeste, estima-se 1,48 mi de ha, ante 1,49 mi de ha em 2021/22 (-1%).
Considerando a hipótese de normalidade climática e bom padrão tecnológico, a primeira safra de milho tem potencial de produção de 25,99 mi de T – 19,48 mi de T do Centro-Sul e 6,51 mi de T no Norte/Nordeste -, montante 4% superior aos 25,07 mi de T da prejudicada safra de 2022.
Já para a área do milho de inverno, os números preliminares indicam tendência de nova elevação: 18,66 mi de ha – 15,71 mi de ha do Centro-Sul e 2,95 mi de ha do Norte/Nordeste -, 2% superior aos 18,26 mi de ha deste ano.
Considerando clima regular, o potencial de produção do país para a segunda safra é de 96,79 mi de t, 2% acima dos 94,75 mi de T da temporada atual. Desse total, a região Centro-Sul responderia por 87,59 mi de T e o Norte/Nordeste por 9,20 mi de t.
No total das duas safras, o Brasil tem previsão de área para 2022/23 de 23,21 mi de ha, 1% acima dos 22,87 mi de ha deste ano. Quanto à produção, projeta-se 122,79 mi de t, 2% acima da revisada e recorde safra atual – 119,82 mi de t.
Já segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com uma produção estimada em aproximadamente 127 milhões de toneladas de milho, a colheita do cereal na safra 2022/23 deverá registrar um incremento de 12,5% em relação ao último ciclo. Este aumento tende a conter as pressões de uma restrição da oferta do grão no cenário mundial, diante de uma menor quantidade do produto norte-americano e de problemas de safra na União Europeia.
De acordo com o documento, a safra de milho na União Europeia deverá ser a menor registrada desde 2008. Além disso, o USDA confirmou um corte na produção e nos estoques do cereal nos EUA para a safra 2022/23, o que pressiona os preços do grão no mercado internacional, influenciando também a cotação interna. Com este panorama, há uma tendência de aumento da demanda exportadora brasileira.
Já para a soja, a análise mostra que problemas de escoamento de grãos no Rio Mississipi, nos EUA, têm influenciado no maior valor dos prêmios de portos nacionais. Se por um lado há registro de elevação, os preços do grão no mercado apresentam queda, seguindo o comportamento das cotações internacionais. De acordo com o boletim, pressionam para baixo os preços em Chicago, a elevação dos estoques de passagem norte-americanos divulgada pelo USDA, o bom avanço da colheita nos EUA, a oferta mundial elevada e a possibilidade de recessão no mundo. Em contrapartida, a preocupação com o clima na América do Sul dá sustentação às cotações da oleaginosa.
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