Para o ex-chefão do Fed Paul Volcker, a bomba-relógio da economia norte-americana não está muito longe de explodir. Vejamos análise dele sobre o crescente déficit público dos EUA: “A dificuldade é que esse padrão aparentemente confortável não pode prosseguir indefinidamente. Eu não conheço qualquer país que tenha conseguido consumir e investir 6% a mais do que produz por muito tempo. Os EUA estão absorvendo quase 80% do fluxo líquido de capitais internacionais. E, em algum momento, tanto os bancos centrais como as instituições privadas estarão cheios de dólares”.
“Portanto”, diz Volcker, “eu não sei se a mudança virá com um estrondo ou um soluço, se virá cedo ou tarde. Mas, como as coisas estão, é mais provável que a mudança seja forçada por crises financeiras do que por antecipação política”.
A segunda Revolução Francesa
Entre as muitas lições ensejadas pela inequívoca derrota imposta pela França ao “Sim” à proposta fiscalista de Constituição da União Européia (UE), a mais importante foi o desmonte do discurso fatalista de que, para além do Estado mínimo, não existem alternativas viáveis. Num país que fez uma revolução contra a pretensão dos que se julgavam o próprio Estado e proclamavam que, fora dessa solução, só vicejava o caos, apenas um misto de ignorância e arrogância propiciaria se apegar à possibilidade de reatualizar, com sucesso, o discurso deposto na Bastilha.
Além de reafirmar que os paradigmas não-homogêneos independem de autorizações oficiais, a vitória do “Não” foi uma dura derrota da aliança entre a mídia engajada na frente ultraliberal que uniu UMP e PS – versões francesas da falsa dicotomia PSDB/PT. A tentativa de se tributar exclusivamente à conta da impopularidade do governo Chirac as causas do fracasso do “Sim” é apenas revelador das questiúnculas que separam os dois lados na disputa pelo poder.
Na verdade, a impopularidade de Chirac é a tradução de maior visibilidade e didática para os franceses do significado da institucionalização, em escala continental, da política que levou o país a uma das mais graves crises sociais da sua história e que tem no desemprego sua face mais cruel, situação agravada pela indiferença com que é tratada por Chirac e certos “socialistas”.
Apesar do didatismo das urnas, a histeria com que receberam sua derrota reafirma que os partidários do ultraliberalismo continuam, em pleno século XXI, a repetir Luiz XIV: “O Estado sou eu”. Os republicanos franceses, mais uma vez, têm percepção antagônica ao de suas elites e se colocam a tarefa de uma segunda revolução. Nela, o erguimento de um sólido bloco europeu não se confunde com um comitê executivo do setor financeiro, mas estará a serviço de antigo tríduo: liberdade, igualdade e fraternidade.
Acelera
Até 2010, a montadora japonesa Toyota pretende ampliar de 4% para 10% a participação no mercado brasileiro de automóveis. De olho na nova planta que a empresa pretende instalar no Brasil, o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, e o secretário estadual do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais, Luis Roberto Ponte, estiveram na linha de montagem da Toyota que opera em Nagoya desde 1959. Rigotto lembrou a vocação exportadora do estado, a capacidade do setor de autopeças e a qualificação da mão-de-obra. Em terras gaúchas já opera uma unidade da GM.
Conjuntura
O administrador e PhD em engenheira Marcelo Henriques de Brito profere palestra-debate na próxima terça-feira, às 18h, no Clube de Engenharia, no Rio, sobre a Nova compreensão da política econômica. Na pauta, o aumento dos juros e da carga tributária; as razões para variações de preços internacionais e do câmbio terem reajustes distintos da inflação; e o desafio do crescimento no país com baixa inflação e sem informalidade. Brito é autor do livro Crise e prosperidade comercial, financeira e política (Editora Probatus). O Clube de Engenharia fica na Avenida Rio Branco 124/22º e a entrada é franca.
Dor de cabeça
As relações do PTB no Rio não se limitam ao setor de seguros. Obras em hospitais federais no estado também receberam atenção dos petebistas.