O turismo náutico hoje no Brasil representa apenas 0,12% do PIB nacional, aproximadamente R$ 12 bilhões, porém, com 8,5 mil km de litoral, mais de 40 mil km de vias interiores navegáveis e quase 9,5 mil km de margens de reservatórios de água doce (MTur), tem potencial de sobra para crescer tanto em movimentação turística quanto em termos industriais, o que deve impactar na geração de mais de 120 mil postos de trabalho (Acobar).
A maior vitrine náutica da América Latina, o São Paulo Boat Show, demonstrou, em seis dias de evento, que o setor náutico brasileiro está sólido e cada vez mais forte.
A sua 26ª edição, que aconteceu de 21 a 26 de setembro no São Paulo Expo, superou a marca de R$ 500 milhões em negócios e um público de mais de 38 mil pessoas. Com 150 barcos em exposição, no total, foram mais de 600 unidades vendidas, desde embarcações de entrada, avaliadas em R$ 69 mil até grandes lanchas de mais de R$ 22 milhões, sem contar os negócios gerados com uma série de opções que envolvem a náutica, como tecnologia embarcada, brinquedos aquáticos, motores, decoração e até produtos de luxo como carros, resorts e helicópteros no Espaço dos Desejos.
“Só este ano foram mais de R$ 1 bilhão em vendas que foram concretizadas durante os eventos do Boat Show, em Rio de Janeiro/RJ, Itajaí/SC e São Paulo/SP. E esse número pode ser considerado ainda maior se incluirmos todas as negociações que foram iniciadas durante os eventos e fechadas posteriormente. Essa geração de negócios impacta no crescimento econômico do país, na arrecadação de impostos e reflete também no impulso do turismo, tema que foi discutido junto a autoridades de várias partes do país durante o Congresso Internacional Náutica no São Paulo Boat Show. Com esse fortalecimento, a geração de empregos no setor este ano deve crescer 20% e encerrar com a marca de 120 mil postos de trabalhos”, afirma o presidente da Boat Show Eventos, Ernani Paciornik.
“Nos surpreendemos com a variedade de produtos e lançamentos, com a alta movimentação de negócios especialmente de embarcações maiores, acima de 40 pés, incomum antes da pandemia, por exemplo. As embarcações e mix de produtos como um todo estão cada vez mais modernos e tecnológicos, repletos de inovações e para os variados gostos e bolsos. Nesta edição reunimos uma ampla variedade de itens que envolvem a náutica, desde bike aquática, carro-barco, casa flutuante, decoração, compra compartilhada além de aplicativo para barcos até acessórios, motores e alta tecnologia embarcada, desde soluções para controle de embarcações por celular até placas solares”, comenta a diretora geral do Boat Show Eventos, Thalita Vicentini.
Número recorde
O evento contou com número recorde de barcos dos mais variados portes e estilos, entre eles, lanchas, infláveis, veleiros, pontoons e jets, sendo que 50 foram lançados na feira. Além disso, os visitantes concorreram a uma lancha Focker 180 Joy, do estaleiro Fibrafort, equipada com motorização Yamaha, avaliada em mais de R$ 200 mil. O ganhador do sorteio foi Nicolas Torreão, de São Paulo.
Em uma área de 30 mil metros quadrados, o evento contou ainda com o Náutica Talks, ciclo com mais de 30 palestras de navegadores e especialistas do ramo. Além disso, integrou também o 8º Congresso Internacional Náutica, este dirigido a mais de 100 autoridades locais, estaduais e federais de diversas partes do Brasil com objetivo de discutir e apresentar projetos e cases relacionados ao desenvolvimento do turismo náutico.
Entre os palestrantes do Congresso, Vinícius Lummertz, ex-ministro do turismo e presidente do conselho do Grupo Wish de hotéis, disse que o turismo náutico hoje no Brasil tem o potencial de alcançar PIB acima de R$ 40 bilhões e gerar mais do que 150 mil empregos diretos e indiretos.
De acordo com Eduardo Colunna, presidente da Acobar – Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e seus Implementos, o Brasil vem crescendo na indústria náutica em torno de 25% ao ano, desde a pandemia, em 2020. “Estamos em outro patamar. Temos uma indústria sólida, com produtos certificados e de qualidade. A indústria cresce também mais de 25% ao ano em exportações. O faturamento da indústria de barcos é em torno de R$ 2,5 bilhões, mas se incluir manutenção, infraestrutura náutica, aquisição de produtos e equipamentos e turismo você pode multiplicar por 10”, explicou. “O setor não usa robôs para a produção de embarcações, por isso tem grande potencial de geração de empregos”, complementou Colunna.