SP: confiança do consumidor cai 8,9%, refletindo insegurança com economia

Segundo Fecomércio, incertezas sobre cenário fiscal e possíveis ajustes na política monetária diminuem otimismo dos lares e intenção de consumo

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Varejo na Rua 25 de março (Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas)
Varejo na Rua 25 de março (Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas)

Às vésperas de duas das datas mais relevantes para o varejo, como a Black Friday e o Natal, os consumidores paulistanos se mostram menos seguros para consumir, como aponta o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP),que registrou queda de 8,9%, em outubro, quando comparado ao mesmo período do ano passado. O ICC, que registrou 132,8 pontos em 2023, agora está com 121 pontos. No comparativo mensal, a retração foi de 1,8%.

O indicador – que varia entre zero e 200 pontos, apontando pessimismo ou otimismo total dos consumidores em relação às condições econômicas atuais e futuras – é composto pelo Índice de Expectativa do Consumidor (IEC) e pelo Índice das Condições Econômicas atuais (Icea). Todos os componentes do ICC apontaram quedas no comparativo anual.

O principal motivo está no subíndice expectativa do consumidor, que apresentou retração de 12% no comparativo anual, registrando 126 pontos. Em comparação a setembro, a retração foi de 1,2%. Já a variável Índice das Condições Econômicas Atuais (Icea) sofreu queda de 3,2% na relação interanual, alcançando 113,4 pontos. No comparativo mensal, a redução foi de 2,8%.

Como consequência, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF), índice também produzido pela Fecomércio-SP, despencou 6,8% em relação ao mesmo mês do ano passado, chegando a 104,8 pontos. Na comparação mensal, o indicador apresentou uma retração de 1,1% – revelando um consumidor mais cauteloso, principalmente entre as famílias de menor renda.

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Três componentes do ICF – nível de consumo atual (78,8 pontos), perspectiva de consumo (92,7 pontos) e acesso ao crédito (95,4 pontos) – estão abaixo dos 100 pontos, apontando pessimismo dos lares paulistanos sobre o consumo, especialmente nos setores que dependem de crédito, como o de bens duráveis. Considerando as variações anuais, as maiores quedas foram observadas nos componentes perspectiva de consumo (-20,2%), nível de consumo atual (-12,7%) e perspectiva profissional (-10,7%). No entanto, dois componentes do ICF apresentaram sinais de melhoria: renda atual (5%) e emprego atual (1,4%).

Segundo a Fecomércio-SP, os dados refletem uma transição do cenário econômico que contrasta com o otimismo observado no período pós-pandemia, marcado pela recuperação econômica e por estímulos fiscais. Além disso, o aumento da Selic e o encarecimento do crédito têm enfraquecido o consumo, em especial entre as famílias menos abastadas.

“Essa queda é um sinal de alerta para os empresários, já que as pessoas estão cada vez mais cautelosas quanto ao futuro, o que pode resultar na necessidade de mais promoções e liquidações, indicando também que os empreendedores precisam ter mais cuidado com a gestão de estoques para evitar excessos que comprometam a margem de lucro”, diz o levantamento, que acrescenta que “mesmo com a inflação e o nível de desemprego controlados, além das expectativas do consumo desse período (com a Black Friday e o Natal), há uma queda da confiança dos consumidores em decorrência da incerteza acerca do cenário econômico, inclusive de possíveis ajustes na política monetária.”

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