Em uma conjuntura de inflação ainda controlada no país, os preços também parecem mais estabilizados na Região Metropolitana de São Paulo. Dados do Índice de Custo de Vida por Classe Social, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), mostram que, no acumulado dos últimos 12 meses finalizados em junho, o custo de vida na região subiu 3,29%.
Em junho, a variação foi tímida, de 0,11%, mas uma desaceleração relevante em comparação ao 0,35% registrado no mês anterior. É o resultado mais baixo desde maio – e o segundo menor desde agosto de 2023.
Pelas variáveis analisadas, o aumento no custo de vida foi mais sentido entre famílias de renda mais alta (as que ganham acima de 10 salários mínimos). Para esses lares, a variação foi de 0,14%, em junho. Já para lares de rendimento mais baixo, essa taxa foi de 0,08%, para a classe E, e de 0,07%, para a D.
O grupo de produtos relacionados à saúde foi o que pressionou os preços nos últimos 12 meses, crescendo 6,58%, por causa dos reajustes nos convênios médicos e em uma série de medicamentos. Em seguida, o de educação, com alta de 6,08% no período – em razão dos reajustes nas matrículas escolares. Ainda no acumulado dos 12 meses, apenas um dos nove grupos analisados apresentou retração o de artigos do lar (0,43%). A menor alta entre todas as atividades foi observada em comunicação (1,58%).
Em junho, foi o grupo de saúde que também puxou o Custo de Vida por Classe Social para cima, cujos preços se elevaram em 0,86%. Os dados apontam que isso aconteceu tanto nos custos de serviços – como hospitalizações (2,1%) e exames de imagem (3,5%) – quanto no varejo, com produtos farmacêuticos subindo até 1,2%.
Esse fato é importante porque impacta de forma mais intensa as classes mais baixas, que dependem desse tipo de produto e serviço. O aumento desse grupo para a classe E foi de 1,09%, enquanto a taxa foi de 0,86% para a classe A. Outras atividades também registraram altas em junho, como despesas pessoais (0,30%), comunicação (0,14%) e educação (0,06%). Em contraste, itens de vestuário e de transportes sofreram quedas de 0,26% e 0,53%, respectivamente.
Segundo a Fecomércio-SP, o grupo de alimentos e bebidas exerceu papel central para a desaceleração do Custo de Vida por Classe Social em junho, variando apenas 0,01%. A variável foi bastante afetada pela queda de 0,23% nos preços dos produtos de supermercados, ainda que contrastando com um aumento de 0,35% na alimentação fora do domicílio. Nas gôndolas, a redução de frutas (-4,36%) e carnes (-0,64%) contribuiu para o resultado geral, assim como a alta na oferta de bovinos, com crescimento de mais de 20% nos abates.
“A entidade acredita que, apesar dos desafios que ainda permanecem na conjuntura econômica do país, os alimentos estão controlados – o que é um elemento importante nessa conta -, e não há sinais de repasse de custos mais altos ao consumidor, mesmo com o dólar mais caro. Os preços das commodities agrícolas em baixa ajudam a evitar pressão nos produtos derivados de soja, milho e trigo. Isso ajuda a entender por que o custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo segue com variações amenas”, diz nota da federação, que acrescenta ser, “no entanto, importante observar os próximos meses, marcados por reajustes nos preços da gasolina e do gás de cozinha pela Petrobras, além da mudança tarifária da energia elétrica residencial da bandeira verde para a amarela. Essas despesas pesam no indicador e no orçamento das famílias – e isso será confirmado já nos próximos relatórios.”
O Índice de Preços no Varejo (IPV) registrou estabilidade em junho, com variação de 0,17%, acumulando alta de 1,42%, em 2024, e de 1,89%, nos últimos 12 meses. Em 2023, o indicador acumulava 1,18%, entre janeiro e junho, e 0,28%, entre julho de 2022 e junho de 2023.
Dentre os oito grupos do indicador, quatro encerraram junho com decréscimos: vestuário (-0,26%), alimentação e bebidas (-0,23%), transportes (-0,06%) e despesas pessoais (-0,01%). A maior contribuição para a alta foi observada no grupo saúde e cuidados pessoais (1,02%), com altas acumuladas de 4,75%, nos últimos 12 meses, e de 4,86%, em 2024.
O Índice de Preços de Serviços (IPS) avançou 0,06% em junho, acumulando alta de 1,96%, em 2024, e de 4,78%, nos últimos 12 meses. Em 2023, o indicador acumulava 3,33%, entre janeiro e junho, e 6,49%, entre julho de 2022 e junho de 2023.
Dentre os oito grupos do indicador, dois encerraram junho com decréscimos: transportes (-1,36%) e artigos de residência (-0,10%). A maior contribuição para a alta foi observada no grupo de habitação (0,32%), com alta acumulada de 3,23%, nos últimos 12 meses, e de 2,11%, em 2024.
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