SPC: 76% de MPEs não pretendem investir em seus negócios nos próximos meses

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O cenário econômico adverso no Brasil tem cada vez mais impacto nas atitudes dos micro e pequenos empresários em relação aos seus negócios. Dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram que 76% dos MPEs não têm pretendem realizar investimentos para expandirem ou melhorarem suas empresas pelos próximos três meses. O Indicador de Propensão a Investir MPE registrou em fevereiro apenas 21,52 pontos, ficando abaixo dos 24,68 pontos do mês anterior. Em relação a janeiro, a queda no indicador corresponde a 12,8%.
O resultado é considerado baixo, visto que a escala do indicador varia de zero a 100. Quanto mais próximo de 100, maior é a probabilidade de os empresários investirem e, quanto mais próximo de zero, menos propensos eles estão.
Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a recessão da economia com a queda do PIB em 3,8% em 2015 e a taxa Selic chegando a 14,25% são os principais fatores que explicam a baixa propensão ao investimento.
– Diante desse cenário, e sem a perspectiva de breve retomada econômica, falta confiança aos micro e pequenos empresários para que assumam novos investimentos em seus negócios – explica Pinheiro.
Apenas 16,4% admitem fazer algum investimento nesse período – a menor proporção dos que pretendem investir desde o início da série histórica.
– Outro motivo que explica porque os empresários estão reticentes em investir é a insegurança com relação ao retorno do capital investido, agravada pela crescente tensão política, que interdita o ajuste na economia – diz o presidente.
Entre os poucos empresários que pretendem investir, os investimentos prioritários serão na reforma da empresa, mencionado por 34,4%, na ampliação de estoque (29,8%) e em mídia e propaganda (29,0%). Entre eles, a maioria (76,3%) pretende usar capital próprio para investir e 21,4% pretendem recorrer a empréstimos em bancos ou financeiras.  
Diante do cenário atual, sem a perspectiva de breve retomada econômica, também falta confiança aos micro e pequenos empresários para que assumam compromissos financeiros. O Indicador de Demanda por Crédito MPE registrou um baixo patamar em fevereiro, registrando 11,98 pontos, menos que os 12,15 pontos de janeiro. Os empresários que manifestam a intenção de tomar crédito nos próximos três meses somam apenas 6,6%, a menor proporção desde o início da série histórica, em maio de 2015. Já os que afastam essa possibilidade totalizam 87%.
Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a crise econômica explica em parte o receio dos empresários.
– Um terço daqueles que não pretendem contratar crédito alega que não pensam em realizar investimentos que exijam recursos de terceiros. A maior parte, porém, rejeita tomar recursos emprestados porque consegue manter o negócio com recursos próprios.
Entre os poucos que pretendem contratar crédito, a modalidade mais citada é o microcrédito, mencionada por 35,8%, e as principais finalidades do crédito a ser contratado são o capital de giro (35,8%), a reforma da empresa (20,8%) e compra de equipamentos (17%). A maioria relativa dos entrevistados (40,1%) considera difícil conseguir empréstimos e financiamentos. Entre esses, a burocracia é a principal causa da dificuldade, mencionada por 44,2%. A questão dos juros altos aparece é apontada por 33,6% como empecilho na hora de contratar crédito.
– A combinação de juros e burocracia constitui um importante entrave ao crescimento econômico, retirando do empresário o incentivo a investir e ampliar seu negócio. Os juros, em particular, tornam os investimentos financeiros relativamente mais vantajosos do que os investimentos produtivos, de modo que, para o empresário, pode ser mais rentável fazer uma aplicação financeira do que investir na expansão do negócio ou criação de um novo bem e serviço – diz.
Os Indicadores de Demanda por Crédito e de Propensão para investimentos do Micro e Pequeno Empresário (IDCI-MPE) calculados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) levam em consideração 800 empreendimentos com até 49 funcionários, nas 27 unidades da federação, incluindo capitais e interior.

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