O presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu elogios de um dos fundadores da União Democrática Ruralista (UDR). “Fomos inimigos no passado, mas hoje reconheço que, se não fosse o Lula e o PT, o Brasil seria uma Nicarágua da vida”, afirmou Douglas Fanchin Taques Fonseca, que, atualmente, é presidente da Associação Comercial de Ponta Grossa (PR). “Os ricos e poderosos deste país estariam muito mais ricos e os pobres, muito mais pobres”, afirmou. Fonseca atribui ao movimento de greves dos metalúrgicos do grande ABC, liderado por Lula, em 78, “o equilíbrio que o Brasil desfruta hoje”. Os elogios do ex-militante da UDR não foram uma declaração de voto ou de adesão à campanha presidencial petista. Fonseca disse que ainda não tem candidato para este ano.
O mercado livre
Muita gente não entende por que, com a Petrobras produzindo cerca de 80% do combustível usado no Brasil, o país fica ao sabor da variação do preço do petróleo nos especulativos mercados futuros. A resposta é simples, embora de pouco agrado para o senso comum. O objetivo principal, explicitado, não se sabe se por ingenuidade ou excesso de transparência, pelo diretor de Marketing da Petrobras, Carlos Ney, é “garantir a concorrência dos importadores”.
Em outras palavras, se os preços internos caírem ao nível do que deveriam custar num país que produz quase 80% do que consome, os importadores – em sua grande maioria estrangeiros que se instalaram no Brasil apenas para comprar gasolina excedente em suas refinarias no exterior – considerariam os preços “pouco atraentes”.
Não por acaso, a cada queda de candidatos governistas nas pesquisas eleitorais, as agências de classificação de risco pioram a avaliação do país, de olho nos interesses de grandes grupos estrangeiros desejosos da eternização da política colonial aplicada pelo tucanato.
Descompasso
Embora encabece todas as listas sobre os principais brasileiros, o desemprego sumiu ou, concessão máxima, foi relegado ao rodapé das páginas internas. Apesar da colaboração da imprensa “chapa branca”, esse “apagamento” do noticiário pode ser insuficiente para impedir que, com a chegada das eleições, os principais aplicadores da política econômica engrossem a estatísticas dos que têm no desemprego sua maior preocupação.
Despedida
Quem participou garante: foi animada e agitada a última noite no Palácio Guanabara da equipe do governador Anthony Garotinho.
NeoPilatos
Até quando a ONU vai assistir de braços cruzados à cruzada genocida de Ariel Sharon contra os palestinos?
Oráculo
Tudo bem que a foto de Yasser Arafat com uma bandeira do MST e ao lado de um dos seus coordenadores nacionais que correu mundo angariando simpatia para o movimento pegou o governo FH no contrapé, justamente num instante em que jogava pesado para isolar Stédile e seus companheiros. Mas daí ao ministro Pedro Parente se arvorar em intérprete do pensamento de Arafat, assegurando que ele aceitara a bandeira do MST por simples cortesia, vai uma distância que revela aonde o hábito da boca torta da arrogância levou o tucanato.
O rei está nu
Até um Maquiavel de província é capaz de compreender que a recusa do governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, a aceitar a vice-presidência na chapa de José Serra põe a nu as visíveis fragilidades eleitorais do tucano. O raciocínio é simples: se garantir a própria reeleição ao governo estadual já será uma pedreira – principalmente, depois da derrota na Prefeitura de Recife para o PT – que dirá correr o risco de embarcar na aventura tucana e ainda ver suas bases locais virarem pó. Apesar de todas as óbvias atratividades do poder nacional, o tucanato das redações optou, apressadamente, por abraçar a tese menor de que “toda política é local”. Mas aí, já é outro tipo de política e nada local.