Substituição na Petrobras causa mal estar no mercado

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símbolo BR Petrobras (Foto: Tânia Rêgo/ABr)
Petrobras (Foto: Tânia Rêgo/ABr)

A terça-feira foi de repercussão sobre a substituição do presidente da Petrobras. O fato fez as ações da empresa operarem em queda na bolsa de Nova York e despertar clima de incerteza por aqui sobre o que se pode esperar até as eleições. A turbulência está no ar. No encerramento da B3, Petr4 recuou 2,92% e Petr3 2,88%.

O presidente, Jair Bolsonaro, demitiu o presidente-executivo da companhia – o segundo em dois meses – depois que a empresa se recusou a vender combustíveis com desconto aos consumidores, alertando que isso levaria à escassez de diesel.

Em nota, a estatal informou que recebeu ofício do Ministério das Minas e Energia solicitando providências a fim de convocar Assembleia Geral Extraordinária, com o objetivo de promover a destituição e eleição de membro do Conselho de Administração, e indicando Caio Mario Paes de Andrade, em substituição a José Mauro Ferreira Coelho. O ofício solicita, ainda, que Caio Mario Paes de Andrade seja, posteriormente, avaliado pelo Conselho de Administração da Petrobras para o cargo de presidente.
“Tendo em vista que o Sr. José Mauro Ferreira Coelho foi eleito pelo sistema do voto múltiplo na Assembleia Geral Ordinária realizada em 13/04/2022, caso aprovada pela assembleia geral, sua destituição implicará na destituição dos demais membros do Conselho eleitos pelo mesmo processo, devendo a companhia realizar nova eleição para esses cargos. A Petrobras informa que novos fatos relevantes serão oportunamente divulgados ao mercado”.

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Caio Mario Paes de Andrade é atualmente Secretário Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia. Empreendedor em tecnologia de informação, mercado imobiliário e agronegócio, tem formação em Comunicação Social pela Universidade Paulista, pós-graduação em Administração e Gestão pela Harvard University e Mestre em Administração de Empresas pela Duke University. No ano 2000 fundou a WebForce Ventures, responsável pelo desenvolvimento de mais de 30 startups. É fundador e conselheiro do Instituto Fazer Acontecer. Em 2019 passou da iniciativa privada para a área pública. Foi Presidente do Serpro até agosto de 2020, quando passou a fazer parte do Ministério da Economia.

Razão eleitoreira

“Mais um ataque de Bolsonaro à maior empresa do país. Mais um movimento eleitoreiro e desesperado do presidente da República para tentar se descolar da escalada de reajustes dos combustíveis, como se ele não tivesse responsabilidade pela política de preço dos combustíveis, pela inflação galopante que penaliza o trabalhador brasileiro e o crescimento do Brasil”, declarou o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar.

Para ele, Caio Mário Paes de Andrade é mais um nome indicado em tempo recorde, para blindar Bolsonaro. O atual secretário do ministério de Paulo Guedes foi escolhido mesmo sob suspeita de não cumprir requisitos impostos pela Lei de Responsabilidade das Estatais para assumir o comando da Petrobras.

“O fato é que Bolsonaro não muda ou abandona a política de preço de paridade de importação, o PPI, porque não quer. O PPI não é lei; é decisão do Executivo. A questão central é que o governo não quer briga com o mercado, com os acionistas privados, que, com o atual modelo, têm a garantia de dividendos espetaculares”, ressalta.

Segundo Bacelar, o foco da gestão da Petrobras, no atual governo, é geração de caixa, resultante da venda dos combustíveis a valores de PPI, altos lucros e dividendos para acionistas, numa política de transferência de riqueza dos mais pobres para os mais ricos, um verdadeiro Robin Hood às avessas.

“Na ponta mais frágil dessa equação está o trabalhador brasileiro que há três anos não tem reajuste real do salário-mínimo, sendo vítima do processo de empobrecimento acelerado. Enquanto isso, no governo Bolsonaro, entre janeiro de 2019 e 10 de maio de 2022 – quando entrou em vigor mais um reajuste do diesel, de 8,8% – a gasolina, nas refinarias, subiu 155,8%, o diesel 165,6% e o GLP 119,1%, com impactos nefastos sobre a sociedade e os vários setores da economia”.

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