Atualmente, no Brasil, são mais de 62 milhões de inadimplentes que enfrentam dificuldades para conseguir crédito e realizar os seus sonhos: na Região Sudeste, são mais de 27,94 milhões de pessoas inadimplentes, de acordo com o “Mapa de Inadimplência e Renegociação de Dívidas no Brasil”, divulgado em setembro pela Serasa. Com mais de 97,22 mi de dívidas na soma dos estados, o valor total é de R$ 118,7 bi, uma média de R$1.225,83 por dívida e R$ 4.262,29 por pessoa. No recorte por estado, São Paulo foi o único a registrar queda no número de inadimplentes no mês de setembro: Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo apresentaram aumento com relação ao último mês.
Com relação aos segmentos das dívidas responsáveis pela inadimplência, as dívidas de bancos e/ou cartões de crédito se destacam como os principais responsáveis pela inadimplência com 30,3% das dívidas na região. Na sequência, aparecem as dívidas de utilities (contas básicas, como água, gás e energia) com 24,7%.
Na capital paulista, o número de endividados bateu novo recorde em outubro: 2,84 milhões, representando 71,3% do total dos lares, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP). Esta é a 11ª elevação consecutiva. Em novembro de 2020, o porcentual de endividados estava em 56,1%, o que significa, em termos absolutos, um aumento, em quase um ano, de 620 mil famílias com dívidas.
A maior parte delas (82,6%) – nível mais alto da série histórica e que representa aumento de 12 pontos porcentuais (p.p.) em relação a outubro de 2020 – está financiada no cartão de crédito. Os carnês são destaque nas compras parceladas (22%, maior porcentual desde março de 2015). Com o Banco Central subindo a Selic – hoje, em 6,25% ao ano (a.a.) -, o crédito ficará mais caro, e, a despeito de os 82,6% não representarem atraso no pagamento da fatura, a taxa de juros do rotativo (de 336% a.a.), segundo o BC, é um alto risco para quem se descontrola nos gastos do cartão de crédito.
A inadimplência, termo que conceitua as dívidas em atraso, por sua vez, passou de 19%, em setembro, para 19,7%, em outubro. Isso significa que 787 mil não pagaram a dívida até a data do vencimento. Há um ano, este número era de 721 mil. Apesar de o porcentual não estar fora dos padrões históricos, ficou acima do visto nos últimos meses, sendo o maior nível desde abril do ano passado (21,6%). Caso siga a tendência ascendente nos próximos meses, ele indicará que parte das famílias já não consegue manter as contas em dia diante da inflação e do desemprego. Até o momento, mesmo com atraso, entretanto, há a intenção da quitação dos compromissos. A porcentagem das pessoas que não conseguirão pagar os compromissos em atraso é de 7,1%, menor patamar desde janeiro de 2018.
O aumento do endividamento pode ser observado em ambos os grupos analisados pela Peic, mas, entre as famílias que recebem menos de 10 salários mínimos, o porcentual de endividados é de 73,9% – contra 63,6% dos que ganham acima desta quantia. Os dois níveis, entretanto, são os maiores já vistos na série histórica da pesquisa. No caso da inadimplência, nos lares com menores salários, o porcentual dos que têm o pagamento da dívida atrasado saiu de 22,9%, em setembro, para 23,9%, em outubro. Para o segundo grupo, a inadimplência permaneceu estável (8,9%).
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